Título: Adoção de exames mais seguros está atrasada
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2011, Vida, p. A12

O coordenador da Política de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Guilherme Genovez, afirmou que até o início do segundo semestre estarão em funcionamento pelo menos oito plataformas para realização de exames NAT (para detecção mais eficaz do HIV) em hemocentros do País.

Os exames, que reduzem de forma significativa a janela imunológica de HIV e hepatite C, foram desenvolvidos pela Fiocruz e estão sendo usados, em caráter experimental, em alguns pontos do País, como São Paulo, Santa Catarina, Rio e Pernambuco.

Genovez reconhece que a implantação do projeto está atrasada. "Há exigências legais, burocracia que muitas vezes impede a agilidade necessária", afirmou.

Ele observa, no entanto, que ao longo dos anos testes de quarta geração foram introduzidos, o que elevou a segurança. A decisão de usar testes desenvolvidos pela Fiocruz é explicada por Genovez: "São exames bem mais baratos que os cobrados pelo mercado." A oferta inicial feita para o governo brasileiro era de US$ 25 por exame. Por ano, são doados 3 milhões de bolsas.

Ester Sabino, pesquisadora da Fundação Pró-Sangue, afirma que a implantação do NAT não é uma operação simples. "O custo é elevado. Além disso, é preciso treinar os hemocentros para a nova técnica."

Para Ester, alguns resultados apontados no estudo mostram que outras estratégias podem ser colocadas em prática, além da melhoria técnica dos exames.

O principal, em sua avaliação, é a conscientização dos doadores. O trabalho da pesquisadora mostra que existe uma diferença significativa do risco de HIV em bolsas de doadores de repetição e os que procuram centros para repor estoques, a pedido de pacientes. "O risco calculado entre doadores de comunidade é de duas a três vezes maior que o dos doadores de repetição." Algo que, para ela, indica que parte ainda recorre aos centros mesmo depois da exposição ao vírus.

O trabalho também aponta que os riscos entre doadores homens é maior que entre as doadoras. Ester arrisca uma explicação para o fato: "Uma das possibilidades seria a de que mulheres fazem mais o teste HIV, sobretudo em pré-natal."