Título: Com chips mais poderosos, tudo agora se conecta
Autor: Lohr, Steve
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/01/2011, Economia, p. B9
Ao longo de 44 anos, nenhuma edição do Consumer Electronics Show (CES), desde sua criação em 1967, teve impacto tão grande para o futuro da eletrônica de entretenimento quanto o CES 2011, que termina hoje em Las Vegas. Em determinados anos, o impacto decorria de um ou outro lançamento de um produto revolucionário - como o computador pessoal em 1978, o Walkman em 1979, o CD em 1983 ou o DVD em 1994.
Neste CES 2011, o tema geral foi o da casa conectada, mas bem poderia ser o da eletrônica conectada. Tudo agora se conecta. Comparemos o que ocorreu nas duas últimas décadas. Na década 1990-2000, o mundo começava a viver a infância da internet, do PC como uma máquina multimídia, do celular como um produto de comunicação individual de centenas de milhões de seres humanos. Na década 2001-2010, a eletrônica passou a viver intensamente o processo de convergência e da mobilidade.
O que o CES 2011 nos antecipa é uma nova década de hegemonia da banda larga, com a conectividade máxima.
Tudo isso está acontecendo porque a microeletrônica se tornou capaz de oferecer um número antes impensável de recursos, como a computação em multitarefa, com os chips de diversos núcleos, a redução extrema de dimensões e de consumo elétrico dos microprocessadores.
Com chips mais poderosos, as empresas de software puderam criar soluções cada vez mais avançadas e complexas. Além da casa conectada, como tema geral, este CES 2011 mostrou outros temas e tendências exaustivamente debatidos.
TV3D. Ela se tornou não apenas uma "nova fronteira do entretenimento", como tende a incorporar-se ao maior número possível de aplicações - nos celulares, laptops, iPads, no cinema e nas imagens de diagnósticos médicos. O fato mais notável foi a apresentação da primeira TV3D que dispensa óculos, pela Toshiba. Em cinco anos, todas deverão dispensar o uso deles.
Celular 4G. A Verizon, maior operadora dos Estados Unidos, lançou 10 novos dispositivos (smartphones e modems) do que a empresa considera ser a quarta geração (4G). Nesse terreno, ainda engatinhamos, com velocidades abaixo de 16 megabits/segundo (Mbps), quando a maturidade da 4G nos deverá garantir velocidades superiores a 100 Mbps.
Carro elétrico. O uso da microeletrônica e de software especial para o automóvel nos trazem a cada dia mais segurança, mais economia e menor agressividade ao meio ambiente.
Aplicativos mil. O iPad conta hoje com mais de 15 mil aplicativos. Os celulares movidos pelo sistema operacional Android - um software livre do Google - já contam com mais de 40 mil aplicativos.
Inteligentes. Controle a sua casa com um smartphone. Esse conselho foi o resumo desse tema específico que mostrou como a evolução dos telefones inteligentes (smart phones) pode servir às casas inteligentes (smart homes).
Super celulares. Empresas como a NVidia e a LG apresentaram o que parece ser o super smartphone do futuro, com a integração de funções inteligentes e capacidade de processamento de um computador de mão. Após o impacto do iPhone, é o que podemos esperar dos telefones mais avançados da Sony Ericsson, RIM (Blackberry) e o Windows Phone 7.
Interfaces humanizadas. Por simples toque como nas telas, comando verbal, identificação biométrica, controle por gestos e movimentos até o controle pela mente - que ainda parece ficção, mas já foi demonstrado ao longo dos últimos meses.
Tablets. Vieram para ficar e, ao longo de 2011, o mercado mundial poderá contar com mais de 40 modelos.
Next TV. A próxima grande atração da TV envolve, sem dúvida alternativas como Google TV, Apple TV, IPTV, TV-3D e a TV conectada. A próxima TV é muito mais do que um receptor de televisão, mas um computador, um terminal de internet de banda larga, com novas funções e uma vasta gama de conteúdos.
Energia sem fios. Carregar as baterias de aparelhos eletrônicos à distância, sem a conexão de fios a uma fonte de corrente elétrica pode parecer mágica, mas já se torna possível.
Vídeo chamadas. A comunicação audiovisual, isto é, com áudio e vídeo nas chamadas telefônicas, em especial nos celulares 3G - e em breve nos 4G - pode ser uma das mais surpreendentes realidades nos próximos dois a três anos.
TV móvel. Recepção de TV digital em celulares e veículos é uma previsão que deve concretizar-se na maioria dos países em que a TV analógica já tenha sido substituída pela nova tecnologia.