Título: Para governo especulação em alta exigiu reação
Autor: Andrade, Renato
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/01/2011, Economia, p. B1

A ofensiva do governo no mercado de câmbio - iniciada com o discurso do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na terça-feira e somada à decisão de ontem do Banco Central de reduzir a aposta dos bancos na queda do dólar - se deve à avaliação de que a especulação nesse mercado aumentou bastante nas últimas semanas e é preciso contê-la.

Mesmo sem anunciar nada, Mantega recolocou uma "faca no pescoço" dos especuladores com a ameaça de novas medidas. A estratégia de usar o "gogó" como instrumento de política cambial funcionou em parte, levando o dólar a subir por dois dias seguidos. A primeira iniciativa efetiva acabou adotada na manhã de ontem - inaugurando a política econômica do governo Dilma.

Mudanças de regras desestimulando a posição vendida dos bancos vinham sendo defendidas desde o ano passado pela equipe do ministro da Fazenda. Mas o governo não deve parar por aí. A depender da evolução das cotações e do comportamento do mercado, novas medidas poderão ser acionadas. Não está descartado nem mesmo, segundo uma fonte do governo, um aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em aplicações na bolsa. Quando o governo elevou de 2% para 4% e depois para 6% a alíquota do IOF para aplicações de estrangeiros em renda fixa, a bolsa ficou de fora.

Essa ideia não agrada a Mantega, que enxerga o mercado de capitais como fonte mais barata de financiamento. Mas, diante de um problema que prejudica a competitividade do produto nacional em um mundo em guerra cambial, uma maior taxação da bolsa poderia ser adotada como remédio amargo. O IOF é tido pelo governo como medida mais ortodoxa de controle de capital, que ajudaria a evitar iniciativas mais radicais e muito mal vistas no mercado, como a quarentena para permanência de capital estrangeiro no País.