Título: Governo dos EUA defende alta da dívida
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/01/2011, Economia, p. B8

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, exortou o Congresso do país ontem a aprovar a elevação do limite legal da dívida do governo pela sexta vez em menos de quatro anos. A dívida se aproxima do limite legal de US$ 14,3 trilhões e não aprovar uma elevação "pode precipitar um default dos Estados Unidos", o que teria "consequências econômicas catastróficas, que durariam décadas", disse Geithner em carta aos congressistas. A expectativa dos economistas é de que o governo americano alcance o limite máximo de endividamento no segundo trimestre deste ano. Geithner quer que o Congresso aprove uma elevação no limite legal, se possível, no fim de março ou, no máximo, até o dia 16 de maio.

Na campanha para a eleição de outubro para o Congresso, muitos candidatos conservadores, em sua maioria do Partido Republicano (de oposição ao governo do presidente Barack Obama), prometeram que votariam contra uma elevação do limite da dívida. A nova legislatura começou na quarta-feira. Na nova Câmara, os republicanos têm uma maioria de 51 cadeiras em relação ao Partido Democrata (de Obama). Os democratas seguem com maioria no Senado.

A dívida do governo está hoje em US$ 13,95 trilhões.

"Não aprovar o aumento do limite da dívida seria uma atitude irresponsável", disse Geithner em sua carta. "É importante enfatizar que a mudança no limite não altera ou aumenta as obrigações que temos como nação. Simplesmente, permite que o Tesouro cumpra com essas obrigações já estabelecidas pelo Congresso."

Ontem, a Câmara concordou em mudar os procedimentos de votação sobre a elevação do limite de endividamento do governo. Pelo novo sistema, os deputados terão de se manifestar publicamente a favor, ou votar contra. Anteriormente, a elevação do limite de endividamento era aprovada automaticamente como parte da resolução sobre o orçamento.

Gastos. Os republicanos, que assumiram o controle da Câmara de Representantes dos Estados Unidos na legislatura iniciada na quarta-feira, manifestaram ao presidente Obama intenção em colaborar para os cortes das despesas orçamentárias. A posição do partido foi divulgada pelo novo líder da maioria republicana na Câmara, Eric Cantor, à ex-presidente desse fórum Nancy Pelosi. O novo presidente da Câmara será o republicano John Boehner.

Segundo indicou o escritório de Cantor, o novo líder da maioria republicana manifestou a Obama que seu partido está "ansioso" para ouvir o discurso sobre o Estado da União que o presidente deve pronunciar no fim de janeiro, quando vai expor suas prioridades legislativas para 2011. "Sei que muitos membros da nossa bancada esperam que possamos colaborar, dadas algumas de suas declarações sobre os cortes de despesas que proporá no discurso."

Obama indicou em várias ocasiões que são necessários cortes no orçamento para reduzir o déficit fiscal dos EUA em torno de US$ 1,5 trilhão; enquanto os republicanos basearam boa parte de sua campanha para o pleito legislativo de novembro com promessas de austeridade.