Título: Entrada de dólares no País é recorde
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2011, Economia, p. B3

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva terminou com entrada recorde de dólares. Dados do Banco Central mostram que US$ 202,7 bilhões ingressaram entre 2003 e 2010.

O resultado aponta reversão do fluxo cambial se comparado aos oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, quando houve fuga de US$ 26,2 bilhões entre 1995 e 2002. No período da gestão petista, apenas em 2008, quando estourou a crise financeira, houve saída de dólares. Na era tucana, cinco anos tiveram fluxo negativo.

Levantamento do BC mostra mudança na trajetória do fluxo cambial. Ao longo dos últimos anos, o aumento expressivo das exportações e a maior confiança dos investidores estrangeiros na economia aumentaram a entrada da moeda estrangeira no País. Em 2007, por exemplo, foi registrada a maior entrada anual de dólares na história do Brasil: US$ 87,4 bilhões.

Boa parte desse dinheiro veio do comércio exterior. Com a disparada recorde de preços das commodities, como soja e minério de ferro, o comércio exterior foi responsável pela entrada de US$ 307,3 bilhões nos oito anos de Lula. O valor é 359% maior que o saldo da gestão FHC, quando os exportadores trouxeram US$ 67 bilhões ao Brasil.

O jogo de forças, no entanto, mudou e os saldos positivos na balança comercial diminuíram sistematicamente desde o recorde de 2007. Em 2010, após 12 anos de saldos positivos, o fluxo gerado pelo comércio exterior voltou a ficar no vermelho com a disparada das importações.

Financeiro. Recentemente, com a maior confiança internacional, aumentou a entrada de recursos pela via financeira - na qual são registradas compra de ações, títulos de renda fixa e investimentos produtivos.

Se incluídas as transferências pelas contas do tipo CC5, usadas para investimento financeiro no exterior, o governo Lula termina com saída financeira de US$ 104,5 bilhões nos oito anos, valor comparável ao saldo negativo de US$ 93,2 bilhões de FHC. A trajetória dos números, porém, é bem distinta.

Na gestão petista, em três anos, o fluxo financeiro ficou positivo: 2007, 2009 e 2010. Na gestão tucana, o saldo positivo aconteceu em dois anos - 1995 e 1996 - e com valores menores. O fluxo no governo tucano foi prejudicado pelas seguidas crises financeiras como da Ásia (97), Rússia (98), Brasil (99), atentados terroristas (2001) e eleições presidenciais (2002).