Título: Exportação do minério de ferro alcança US$ 28,5 bi
Autor: Rodrigues, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2011, Economia, p. B4

Pela primeira vez, um único produto superou a marca de US$ 20 bilhões em comercialização com países do exterior

A forte demanda do mercado internacional por minério de ferro fez com que pela primeira vez um único produto ultrapassasse a marca de US$ 20 bilhões em exportações do Brasil para o exterior. A projeção da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) é de que as vendas do minério tenham fechado 2010 em US$ 28,5 bilhões.

Com os últimos números, a Vale - responsável por cerca de 80% do total do minério exportado - se torna a maior exportadora do País e amplia sua participação na economia nacional, afirma o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro. A participação da mineradora nas exportações brasileiras saltou de cerca de 2% no início da década passada para quase 12% em 2010.

"Mesmo o complexo da soja - soja, farelo e óleo - não chegou ao mesmo patamar do minério de ferro", comenta. O peso da Vale na economia também fica claro na comparação dos números da empresa com o superávit de US$ 20,3 bilhões alcançado pelo País em 2011. Segundo estimativa de Castro, no mesmo período o superávit da mineradora superou em 13% o do País.

"A Vale está carregando o País nas costas. A empresa é tipicamente uma exportadora; importa muito pouco. Em 2010, foram cerca de US$ 800 milhões. Isso não é nada. Enquanto está na primeira posição entre as exportadoras, na importação ocupa o 31º lugar", diz o vice-presidente da AEB. Em 2011, o cenário deve continuar positivo para o minério de ferro.

Castro estima que as exportações da commodity devem chegar a US$ 38 bilhões no ano que vem. O analista Pedro Galdi, da corretora SLW, concorda com a avaliação e prevê que os preços altos do minério devem se prolongar até 2013.

"A China, que produz quase metade do aço do mundo, continua crescendo a uma taxa muito elevada. O país vai continuar a comprar. Mesmo aumentando juros e compulsórios para frear a economia, a demanda vai seguir muito forte", afirma.

As incertezas, porém, pairam sobre a economia europeia. Se a situação piorar, a demanda do velho continente por produtos industrializados chineses tende a cair, o que reduziria, em consequência, o apetite do gigante asiático pelas matérias-primas brasileiras.

O Brasil pode ser ajudado, por outro lado, pela Índia. Grande produtor de minério, o país está restringindo os embarques para a China, para não ficar sem minério no futuro. "O governo está criando mecanismo para inibir as vendas ao mercado exterior, porque a Índia vai crescer muito nos próximos anos. Se venderem demais agora, depois terão de importar", explica Galdi.