Título: Empresas brasileiras atingem valor recorde de US$ 1,5 trilhão na Bolsa
Autor: Pacheco, Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2011, Negócios, p. B11

Número foi puxado principalmente pelo alto número de emissões de ações feitas no ano passado, como o processo de capitalização da Petrobrás; apesar do recorde, número corresponde apenas ao valor das seis maiores empresas dos Estados Unidos

As empresas brasileiras de capital aberto fecharam 2010 com um recorde: juntas, atingiram um valor de mercado de US$ 1,503 trilhão na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O levantamento foi feito pela consultoria Economática. A marca anterior havia sido registrada em outubro passado, quando o valor de mercado chegou a US$ 1,464 trilhão.

De acordo com a pesquisa, as dez empresas brasileiras com maior valor de mercado são responsáveis por 56,4% dessa soma, com US$ 848,2 bilhões.

A Petrobrás se mantém no topo da lista como a maior empresa brasileira e latino-americana por valor de mercado, com US$ 228,2 bilhões. A segunda colocação é a Vale (US$ 166,2 bilhões), seguida pelo Itaú Unibanco (US$ 96,4 bilhões), Ambev (US$ 86,6 bilhões) e Bradesco (US$ 67 bilhões).

Segundo Einar Rivero, gerente de Relação Institucional e Comercial da Economática, os dados reforçam "a grandeza do mercado brasileiro perante o mercado latino-americano". "Mas também mostram que ainda somos pequenos em relação aos Estados Unidos", ressalva.

É que, apesar de um crescimento expressivo, o valor total de mercado das companhias brasileiras equivale à soma apenas das seis maiores empresas americanas (US$ 1,49 trilhão). São elas a Exxon Mobil (US$ 368,7 bilhões), Apple Computer (US$ 295,9 bilhões), Microsoft (US$ 238,8 bilhões), Berkshire Hathaway (US$ 198,5 bilhões), GE (US$ 194,9 bilhões), Walmart (US$ 192,1 bilhões) e Google (US$ 189,9 bilhões). Nos Estados Unidos, o valor de mercado das 1.214 maiores empresas acompanhadas pela Economática correspondeu a US$ 14,31 trilhões - 9,5 vezes superior ao das companhias brasileiras.

Captações. Um dos motivos para o aumento do valor de mercado dos grupos brasileiros em 2010, segundo Rivero, foi a quantidade de emissões de ações feitas por algumas empresas. É o caso da Petrobrás e a operação do pré-sal. A capitalização, em setembro, rendeu aos cofres da companhias R$ 115,05 bilhões.

Essas capitalizações serviram para turbinar o valor de mercado, independentemente do desempenho da Bovespa em 2010, que teve uma valorização de apenas 1,04%.

Segundo a Economática, o Índice Bovespa teve em 2010 o pior desempenho entre os dez principais índices da América Latina e Estados Unidos. O Índice General da Bolsa de Valores de Lima (IGBVL), no Peru, valorizou-se em 64,99% no período. O índice brasileiro não chegou perto nem do penúltimo colocado da lista, o índice americano Dow Jones (11,02%), uma diferença de quase dez pontos porcentuais.

Rivero destaca ainda um outro dado importante relacionado à Bolsa em 2010: o aumento da liquidez. O volume financeiro movimentado pela Bovespa (mercado a vista) em 2010 foi o maior já registrado na história, R$ 1,4 trilhão.

A volatilidade da Bolsa no ano passado chegou ao menor nível dos últimos 29 anos, próximo dos 20 pontos. A volatilidade é o termômetro que mede o nível de nervosismo do mercado. Para os investidores, quanto menor a volatilidade, menor o risco de incertezas e, consequentemente, maior a atratividade.

"Todos esses dados reforçam a tendência de que os investidores, principalmente estrangeiros, continuarão a procurar a Bolsa brasileira. Houve um aumento da liquidez e uma queda da volatilidade", analisa o executivo da Economática.

Para calcular o valor de mercado das empresas, a Economática não considera ações em tesouraria nem as empresas holding. A consultoria chegou aos valores multiplicando o preço das ações ON (com direito a voto) e PN (com preferência no recebimento de dividendos) pela quantidade de ações.