Título: Ipea defende mais medidas para conter capital externo
Autor: Lima, Bianca Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2011, Economia, p. B4

O presidente do Ipea, Márcio Pochmann, defendeu a adoção de medidas mais vigorosas pelo governo brasileiro para conter o excesso de capitais que entram no País, motivados, em maior parte, por juros elevados e baixo risco. "A elevação do IOF (para renda fixa e variável) teve eficiência relativa. É preciso medidas de maior envergadura", comentou.

Segundo ele, se as ações adotadas recentemente pelo governo não conseguirem conter a tendência de valorização do real ante o dólar, o caminho natural seria o controle de capitais. "Essa é uma medida que precisa ser considerada em um leque mais amplo de ações."

Embora tenha ressaltado que o governo Lula adotou ações para coibir a valorização do câmbio com gradualismo em demasia, Pochmann destacou que a administração de Dilma Rousseff está adotando uma estratégia mais adequada, ao harmonizar as iniciativas do Ministério da Fazenda e do Banco Central para conter a alta da moeda brasileira ante a americana. Segundo ele, existe no governo Dilma "uma articulação entre Fazenda e BC que antes não havia" .

Pochmann elogiou tanto a ação do BC, na semana passada - que decidiu adotar um depósito compulsório de 60% para posições vendidas de dólar acima de US$ 3 bilhões - quanto a notícia publicada no Diário Oficial de que o Fundo Soberano do Brasil poderá atuar em derivativos por meio da autoridade monetária. Segundo ele, a atuação do governo no mercado futuro de dólar é positiva, pois tem como objetivo reduzir a especulação de instituições que apostam na exagerada valorização do real ante o dólar.

Normalmente contrário à elevação de juros pelo Banco Central, Pochmann evitou criticas à possibilidade de o Copom elevar os juros em sua próxima reunião, nos dias 18 e 19. Para ele, como a economia está bem aquecida, talvez seja necessária a ação do BC para reduzir as pressões inflacionárias.