Título: País cria 2,5 milhões de empregos, novo recorde
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2011, Economia, p. B1

Governo antecipa números entregues pelas empresas empregadoras e, dessa forma, diz que cumpriu meta de criação de vagas prevista para 2010

O volume de empregos com carteira assinada gerados no ano passado foi o maior em 18 anos (desde 1992), quando foi criado o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Segundo esses dados, o País contratou 2,525 milhões de pessoas no âmbito da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Até então, o melhor ano do mercado de trabalho havia sido em 2007, quando as admissões superaram os desligamentos em 1,61 milhão.

Além de ser um recorde, o número atingiu a meta estipulada pelo ministro Carlos Lupi para 2010: geração de 2,5 milhões de vagas formais. Para isso, no entanto, ele precisou antecipar números entregues pelas empresas empregadoras ao Ministério fora do prazo, conforme antecipou o Estado na edição do dia 14.

Geralmente, esses números ficam guardados e são conhecidos apenas em meados do ano seguinte. Desta vez, no entanto, o ministro adiantou os números até novembro e contabilizou 387 mil vagas a mais em 2010.

Sem a mudança na divulgação dos dados, o nível de criação de emprego seria de 2,137 milhões - ainda um recorde, mas abaixo da meta. "Não há manipulação: o dado é o mesmo, a metodologia é a mesma. Não antecipei por causa da meta e nunca disse sobre prazos (de divulgação de dados)", afirmou. Não sou dado a maquiagens", ironizou.

Para Lupi, o saldo robusto do emprego deve-se principalmente à retomada da atividade econômica do País após o impacto da crise financeira internacional, do fim de 2008 ao começo de 2009. "A economia teve uma parada e voltou a crescer no meio do ano. A comparação favorece 2010", disse.

Dezembro. A pujança da economia, porém, perdeu força em dezembro. No último mês de 2010, as demissões superaram as contratações em 408 mil postos. O número é levemente menor que o do mesmo mês de 2009, quando 415 mil trabalhadores foram desligados. Mesmo assim, 2010 apresentou o terceiro pior dezembro do governo Lula - o que registrou o maior número de demissões foi 2008 (655 mil).

Para o ministro, no entanto, o volume não surpreende. "Em 2010, tudo aumentou: as contratações, as demissões... o mercado está crescendo, tem mais gente trabalhando, então a circulação nas empresas é maior", minimizou. Vale lembrar que, tradicionalmente, dezembro apresenta números negativos por conta da sazonalidade do mercado de trabalho.

Serviços. A grande força de trabalho está centralizada em Serviços. Conforme o Caged, o setor foi responsável por 1,009 milhão de novos empregos em 2010, já descontadas as demissões. O Comércio criou 601,8 mil postos, seguido pela Indústria de Transformação (536 mil) e a Construção Civil (329,2 mil). "Olhem a força de Serviços: é quase o dobro do segundo colocado." Pelos dados do Ministério, apenas a Agricultura, apresentou um saldo negativo, com o fechamento de 2,58 mil postos de trabalho. Lupi salientou que a agricultura costuma apresentar um saldo negativo, mas pequeno, todos os anos. A principal explicação dada pelo ministro para o movimento é a de que o setor está se mecanizando cada vez mais. "Os Serviços devem continuar contratando mais, assim como comércio e construção civil", previu.

São Paulo continuou em 2010 a ser o Estado responsável pela maior geração de emprego com carteira assinada: 726,45 mil postos. O segundo lugar ficou com Minas Gerais (296,23 mil), seguido por Rio de Janeiro (217,81 mil), Rio Grande do Sul (178,98 mil) e Paraná (154,01 mil). Com isso, o Sudeste se consolida como a maior região empregadora no âmbito da CLT. No ano passado, criou 1,277 milhão de vagas. Na sequência vieram Nordeste (488,56 mil), Sul (444,71 mil), Centro-Oeste (178,24 mil) e Norte (136,26 mil).