Título: BC da China aumenta compulsório para conter avanço da inflação
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/01/2011, Economia, p. B6

Taxa oficial para a maioria das instituições será de 19% após a elevação anunciada ontem, de 0,50 ponto, entrar em vigor dia 20

O Banco do Povo da China (PBoC, banco central do país) informou que vai elevar a taxa do compulsório dos bancos em 0,50 ponto porcentual a partir do dia 20. A decisão segue-se a seis elevações no compulsório feitas no ano passado. Esse é o mais recente movimento da China para limitar a inflação, depois de o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) atingir 5,1% em novembro de 2010, a maior em dois anos.

A última alta no compulsório dos bancos da China começou a ter efeito em 20 de dezembro. Com base nos anúncios do PBoC, a taxa oficial para a maioria das instituições financeiras será de 19% após a elevação anunciada ontem começar a vigorar. No entanto, a imprensa estatal chinesa tem afirmado que o banco central chinês pode ter ordenado verbalmente aos bancos que separassem mais reservas, mesmo após os recentes aumentos de empréstimos nos últimos meses. O PBoC não confirmou, mas também não negou esses rumores.

Segundo um conselheiro do PBoC, há espaço para mais altas de juros na China. O assistente da presidência do Banco do Povo Chinês, Li Dongrong, informou que a China continuará a avançar com a reforma de seus controles sobre o câmbio e fluxos de capitais. O PBoC também vai acelerar a reforma das instituições financeiras nacionais, incluindo um movimento gradual em direção à liberalização das taxas de juros.

A China vai promover pagamentos internacionais mais equilibrados por meio de uma abertura da conta de capital e do "aperfeiçoamento da gestão equilibrada dos fluxos de fundos estrangeiros", disse Dongrong. De acordo com ele, o país também avançará com a reforma da taxa de câmbio para importadores e exportadores. Com o tempo, esses movimentos irão facilitar tanto o investimento estrangeiro na China como os investimentos chineses no exterior, o que irá promover a internacionalização do yuan.

O PBoC vai orientar ainda as instituições financeiras no desenvolvimento de meios para ajudar as empresas de hedge contra o risco cambial, disse Dongrong. Instituições financeiras qualificadas serão encorajadas também a expandir os seus negócios e apoiar a expansão de empresas chinesas no exterior.

Inflação. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da China subiu mais do que 5,1% em dezembro do ano passado, afirmou Cheng Siwei, economista e ex-presidente do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo.

A estimativa de Cheng para a inflação na China é contrária às expectativas dos economistas, que acreditam que o CPI de dezembro subiu menos do que 5,1%. O Escritório Nacional de Estatísticas deverá anunciar na quinta-feira os dados oficiais sobre a inflação do mês passado.

Cheng também afirmou que a inflação no primeiro semestre deste ano provavelmente ficará acima de 6% para desacelerar a partir do segundo semestre. As taxas de juros são um bom instrumento para combater a inflação, mas a China não pode mantê-las muito altas, acrescentou o economista.

A China está se movendo lentamente na direção de uma taxa de câmbio livre para o yuan, observou Cheng, mas o país não tem um cronograma para completar a transição.

O governo chinês deve estabelecer uma faixa de meta para a taxa cambial e intervir apenas quando o yuan atingir limites mínimos ou máximos dessa faixa, afirmou a autoridade. / DOW JONES NEWSWIRES