Título: Obama conta com a ajuda do Brasil em aproximação com AL
Autor: Sanger, David E.
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2011, Internacional, p. A12

A partir de visita a Brasília, em março, presidente americano pretende formar nova aliança com as Américas

Ao anunciar no discurso do Estado da União que pretende estabelecer uma nova "aliança com as Américas" durante sua viagem ao Brasil, em março, o presidente americano, Barack Obama, tenta delinear uma nova política de aproximação com a América Latina, onde os brasileiros são considerados peças fundamentais.

Os três pontos principais dessa nova aliança serão o "desenvolvimento de energias renováveis, o crescimento global e a reconstrução do Haiti", segundo afirmou Charles Luoma-Overstreet, responsável pela América Latina no Departamento de Estado americano.

Esses temas deverão ser abordados no encontro de Obama com a presidente Dilma Rousseff. Na mesma viagem, ele passará por Chile e El Salvador, de acordo com o seu discurso no Congresso anteontem. Será a primeira vez que o presidente americano irá à América do Sul desde a sua posse, há dois anos. A região nunca foi uma prioridade de sua administração.

No texto fornecido pela Casa Branca minutos antes do discurso, estava previsto que Obama falasse em "desenvolver uma nova aliança para o progresso das Américas", remontando à Aliança para o Progresso de John Kennedy, de 1961, que pregava a liberdade e o progresso na região, mas culminou na instalação de regimes militares. Ao subir no palanque, Obama omitiu a palavra "progresso".

Segundo analistas consultados pelo Estado, a nova parceria não implica necessariamente um apoio à candidatura do Brasil ao posto de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Ao visitar a Índia no ano passado, Obama defendeu a inclusão do país asiático no órgão decisório máximo da ONU.

"É difícil dizer neste momento se haverá apoio ao Brasil. Mas certamente Obama abordará a questão nuclear iraniana", afirmou Michael Shifter, presidente do Inter-American Dialogue.