Título: Empresas criam estratégias para a baixa renda
Autor: Fordelone, Yolanda
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2010, Economia, p. B11
Consumidores da classe D atraem interesse de empresas de varejo, alimentação, seguros e até de internet
SÃO PAULO - De olho num filão de mercado que tem um poder de consumo até maior do que a classe B (R$ 329,5 bilhões), algumas empresas já estudam com maior atenção o público de baixa renda. "Embora de uns anos para cá tenha crescido muito a discussão em torno da classe C, a Casas Bahia está a serviço da base da pirâmide social", diz Michael Klein, sócio da companhia.
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-------------------------------------------------------------------------------- O tíquete médio é de R$ 350. A empresa possui grande parte das 519 lojas nos centros das cidades, mas têm uma quantidade expressiva nos bairros mais afastados, como Capão Redondo e a favela de Paraisópolis.
Empresas de alimentação ¿ um produto básico com o qual a classe D gasta 15% da renda ¿ também já miram esse mercado. "No Brasil, as classes C e D apresentam um potencial de consumo fantástico e com certeza fazem parte de nossa estratégia de negócio", diz o vice-presidente de operações da Coca-Cola Brasil, Henrique Braun.
Entre as estratégias para baratear o custo do produto, está a embalagem de 3 litros. A garrafa retornável, que pode ser utilizada várias vezes, também tem dado certo.
"Em uma região de menor renda, em que o preço é mais determinante na decisão de compra, o consumidor se dispõe a levar a garrafa vazia até o ponto de venda para adquirir um novo produto", diz Braun.
Marca própria
"Temos 43% de penetração nas classes C e D com os 1,2 mil produtos de marca própria. A marca própria já está bem consolidada na classe B. O foco agora é a baixa renda", observa a gerente de marcas exclusivas do grupo Pão de Açúcar, Luciana Carneiro.
A principal barreira é a falta de conhecimento do produto. "A renda é baixa. A pessoa não pode comprar algo que depois não goste, então preferem não arriscar", diz. Por causa disso, o grupo tem investido mais na divulgação das marcas exclusivas.
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A Porto Seguro também tenta aproximar-se das comunidades, com uma experiência na favela de Paraisópolis (SP). Treinando pessoas da própria comunidade, a empresa negocia seus produtos financeiros no local. Entre eles, o "Vida Mais Simples", seguro de vida a partir de R$ 4 ao mês.
Na internet, a classe D também ganha espaço. Segundo a MOIP Pagamentos, empresa de gestão de pagamentos na internet, celulares são um dos bens mais comprados. "A classe D já representa 29% das vendas do produto", diz o CEO da companhia, Igor Senra