Título: Abrimos nova frente de negócios
Autor: Modé, Leandro ; Cançado, Patrícia
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2011, Economia, p. B1

Entrevista José Luiz Acar Pedro, novo presidente do banco Panamericano

Quando veio a público que o BTG Pactual negociava a compra do Panamericano com Silvio Santos, o mercado especulou que a ideia era comprar o banco na baixa, saneá-lo e vendê-lo mais tarde com lucro. Depois, imaginou-se que o BTG, banco de investimentos mais agressivo do País, estava negociando em nome de alguma outra instituição. "Nada disso. Estamos abrindo uma nova frente de negócios", afirma José Luiz Acar Pedro, novo presidente do Panamericano.

A dúvida apareceu porque o BTG é um banco especializado em negócios vip, como fusões e aquisições de grandes empresas ou administração de fortunas. O Panamericano é um banco que tem como público as classes C e D, forte no financiamento de carros usados. Por isso, colocar Acar no comando do Panamericano foi um sinal de que a aposta no novo nicho é para valer. Executivo com larga experiência no varejo bancário, Acar é um dos sócios do BTG Pactual e foi vice-presidente do Bradesco.

Nesta entrevista, ele fala dos planos para o banco comprado de Silvio Santos:

Por que vocês compraram o Panamericano?

Apareceu uma boa oportunidade, com um parceiro estratégico (a Caixa Econômica Federal é sócia do banco).

No fim do ano passado, André Esteves (principal sócio do BTG Pactual) negou categoricamente qualquer interesse no Panamericano ...

Não havia interesse mesmo. Começamos a negociar cerca de dez dias atrás.

O mercado acha que vocês vão reestruturar e depois vender o Panamericano.

Nada disso. Estamos abrindo uma nova frente de negócios. Hoje temos banco de investimentos, administração de recursos e de grandes fortunas. Com o Panamericano, vamos operar financiamento ao consumo, crédito consignado, financiamento de veículos e cartão de crédito. E vamos operar muito com empresas de médio porte, dando capital de giro, por exemplo.

Há rumores também de que vocês estariam interessados em outro banco, talvez o BMG...

Não tem cabimento. Acabamos de fechar um negócio, estamos muito satisfeitos e temos muito trabalho pela frente.

Vocês nunca tiveram um banco comercial. Que espaço querem ocupar?

O Panamericano é um banco de porte médio, setor em que a competição hoje é muito forte. Mas a intenção é ser um dos maiores nesse segmento. A equipe do banco é boa e vamos ser agressivos.

Vocês vão colocar dinheiro novo no banco?

Os dois sócios, nós e a Caixa, vão disponibilizar linhas de financiamento à medida que a necessidade for surgindo.

Quanto vocês vão colocar?

Não podemos falar em números agora, mas o Panamericano também vai gerar recursos com suas operações. Estamos pegando o Panamericano com o balanço limpinho, um sócio de peso, que é a Caixa, 270 pontos de venda no País e cerca de 2,7 mil funcionários. Tudo pronto para crescer.