Título: Venda de carro cai, mas é recorde para o mês
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2011, Economia, p. B7

Medidas de restrição ao crédito afetam negócios, vendas caem 36% em relação a dezembro, mas ainda assim ficam 14,8% acima das de janeiro de 2010

O mercado de carros novos encerrou o mês passado com vendas de 244,8 mil veículos, incluindo caminhões e ônibus. O resultado é 35,8% menor na comparação com dezembro. Já em relação a igual mês de 2010, houve aumento de 14,8%. Foi o melhor janeiro da história. O anterior foi em 2008, com 215 mil unidades.

Na avaliação de representantes do setor, o mês só não apresentou melhores resultados por causa das medidas de aperto ao crédito anunciadas pelo Banco Central no fim do ano passado, que tirou parcela significativa de famílias da lista de potenciais compradores.

Por ser considerado mês tradicionalmente fraco, as montadoras previam queda entre 27% e 30% em relação a dezembro, que registrou recorde mensal de vendas, com 381,6 mil unidades. O resultado, porém, foi pior que o esperado. No segmento de automóveis e comerciais leves a queda foi de 36,3%, com 230,2 mil unidades, segundo registros de licenciamentos do Renavam. Nos caminhões, a queda em relação a dezembro foi de quase 30% e, nos ônibus, de 12,5%.

Para o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Décio Carbonari de Almeida, a queda superior ao previsto está relacionada ao pacote que encareceu o crédito. Em exemplo citado por ele, as parcelas de um carro popular adquirido sem entrada, em 60 parcelas, subiu de R$ 500 para R$ 590.

"A renda mensal exigida para um plano como esse aumentou de R$ 2 mil para R$ 2,4 mil, reduzindo assim a faixa apta ao consumo", afirma Almeida. Consequentemente, a oferta de crédito também caiu, mas ele ainda não tem os números de janeiro. Os bancos das montadoras representados pela Anef respondem por 40% dos financiamentos de veículos novos.

Por causa da sazonalidade e de estratégias adotadas no fim do ano pelas montadoras para ampliar vendas - como licenciamento de carros ainda não vendidos -, o resultado de janeiro não é suficiente para o setor apontar as tendências do mercado. "Vamos esperar fevereiro para ter uma ideia melhor", diz o vice-presidente da General Motors do Brasil, Marcos Munhoz.

"Certamente o primeiro trimestre será mais impactado, mas depois o mercado deverá retomar ritmo compatível com as previsões de crescimento para este ano", opina Almeida. A Anef e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) esperam aumento de 5% nas vendas este ano, para 3,69 milhões de veículos.

Novo ranking. O ano de 2010 começou com mudanças no ranking de vendas. A Volkswagen liderou o mercado, com 54,5 mil automóveis e comerciais leves, 7,8 mil à frente da tradicional líder Fiat, que vendeu 46,7 mil unidades. A última vez que a marca alemã havia ocupado o posto com a soma dos dois segmentos foi em fevereiro de 2009.

Na sequência, mantiveram posições alcançadas no ano passado a GM (41,1 mil veículos), Ford (22,9 mil), Renault (11,2 mil), Honda (8,1 mil) e Hyundai (7,8 mil). Outra mudança ocorreu na oitava posição, ocupada pela primeira vez pela Citroën (com 7,2 mil unidades), à frente da Toyota (6,4 mil) e da Peugeot (5,8 mil).

Na lista dos modelos mais vendidos em janeiro estão Gol (23 mil unidades), Uno (16,8 mil), Fox (11,4 mil), Corsa sedã (8,8 mil) e Celta (8,1 mil).

Na segunda-feira, a Anfavea divulgará o balanço completo do mês, com dados de produção, exportações e empregos.