Título: Americanos aprovam diplomacia de Obama
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2011, Internacional, p. A15

Estratégia de pressão para que Mubarak promova reformas políticas e a cautela diante da transição rende elogios da imprensa e de especialistas

A forma como o presidente Barack Obama está lidando com a crise no Egito tem agradado ao establishment político americano. A Casa Branca exigiu que o presidente Hosni Mubarak promova reformas democráticas "imediatamente" e deixe o poder em setembro. Obama, porém, manobra para que a tormenta nas ruas do Cairo não termine com radicais islâmicos no poder ou com um governo hostil aos acordos de paz com Israel.

Em editorial, o New York Times elogiou a pressão americana que levou Mubarak a anunciar que deixará o poder em setembro. "Os EUA tem um papel importante no fomento a uma transição rápida e pacífica. No entanto, Obama está certo ao evitar dar a impressão de que Washington está orquestrando os acontecimentos."

Antes, o presidente já havia recebido elogios do ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger, uma das vozes mais influentes em política externa em Washington. "Estamos agindo corretamente. Corremos atrás do prejuízo, mas todo o mundo está sendo obrigado a fazer isso", disse Kissinger à Bloomberg News.

Voz dissonante. A única voz dissonante em Washington é a do senador republicano e candidato derrotado à presidência John McCain. Ontem, por meio do Twitter, ele defendeu que "chegou o momento de Mubarak dar um passo para trás e deixar o poder. É esse o melhor interesse do Egito, de seu povo e de seu Exército."

"Os pontos críticos para o governo dos EUA são o petróleo e Israel", afirmou Christopher Nelson, especialista em política externa americana. "Todas as ações de Washington estão voltadas para o desafio de impedir que um regime radical venha a suceder Mubarak. Quanto maior a ordem e a estabilidade no período de transição, menor será esse risco."

Qualquer que seja o resultado da transição egípcia, a Casa Branca considera inevitável a mudança da relação entre Egito e Israel e das negociações de paz entre o governo israelense e a Autoridade Palestina, segundo o professor Shibley Telhami, especialista em Oriente Médio da Universidade de Maryland.

Para ele, Israel terá de provar que está do lado certo nesse novo rearranjo do tabuleiro geopolítico feito por Washington. / DENISE CHRISPIM MARIN COM NYT