Título: Retomada dos EUA ganha força este ano, diz Fed
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2011, Economia, p. B11

Para presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, alto nível de desemprego e fraca inflação mostram necessidade de apoio contínuo do BC americano

WASHINGTON

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, disse em discurso no National Press Club que a recuperação da economia dos Estados Unidos deve ganhar força neste ano, embora o alto nível de desemprego e a fraca inflação demonstrem que há necessidade de apoio contínuo do Fed.

Bernanke afirmou que, mesmo diante dos preços elevados das commodities, a inflação permanece "bastante baixa" em termos gerais. Bernanke também repetiu o alerta em relação à situação fiscal americana e pediu um plano para reduzir o déficit orçamentário do país.

O presidente do Fed ressaltou "a evidência crescente de que está em andamento uma recuperação autossustentada nos gastos das empresas e dos consumidores". Citando dados recentes que mostraram um aumento generalizado nos gastos dos consumidores e um declínio no número de pedidos de auxílio-desemprego, Bernanke disse também que, neste ano, a economia deve crescer num ritmo mais acelerado do que em 2010. Mesmo assim, ele acrescentou que "levará vários anos até que a taxa de desemprego volte a um nível mais normal".

A expansão da economia dos EUA ganhou força no quarto trimestre de 2010, impulsionada por um aumento no consumo e pela redução nos estoques das empresas, o que sugere uma aceleração no crescimento também neste ano. O aumento contínuo na produtividade, porém, indica que as empresas estão mais concentradas em reduzir custos trabalhistas do que em contratar.

Apoio. Como o desemprego deve continuar elevado e a inflação deve continuar baixa por algum tempo, a economia ainda precisa de apoio do Fed, de acordo com Bernanke. As autoridades do banco central decidiram por unanimidade na última reunião manter o programa de compras de títulos da instituição, embora também tenham enxergado melhora na economia dos EUA.

Demonstrando pouca preocupação com a recente alta nos preços dos alimentos e da energia, Bernanke disse que a inflação nos EUA foi de apenas 1,2% em dezembro. Ele destacou que o núcleo da inflação, que despreza a oscilação nos preços de combustíveis e de comida, foi de 0,7% em 2010, ante 2,5% em 2007, antes do início da recessão.

Na Europa, as autoridades monetárias acompanham de perto o aumento nos preços das commodities, mas o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, disse ontem que as pressões inflacionárias na zona do euro estão sob controle e o recente aumento nos preços terá vida curta. A inflação provavelmente vai superar a meta da instituição, de aproximadamente 2% para 2011, segundo Trichet. / DOW JONES NEWSWIRES