Título: Hospitais vivem caos e fábricas param
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/02/2011, Economia, p. B1

Mais 90 indústrias do Polo Industrial de Camaçari interromperam a produção

O apagão afetou toda a rede de infraestrutura do Nordeste. A falta de energia obrigou as empresas a revisarem as suas produções. Já os moradores, surpreendidos, enfrentaram situações de caos nos hospitais, no trânsito e até no show do Festival de Verão de Salvador.

Na Bahia, apenas três dos 417 municípios - Juazeiro, Senhor do Bonfim e Jacobina, localizados no norte - não foram afetados. Segundo a Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba), das 4,8 milhões de unidades receptoras de energia elétrica, 4,2 milhões (87,5%) tiveram cortes de abastecimento. A queda de energia foi registrada às 23h20 (0h20 no horário de Brasília).

O prejuízo ainda não foi calculado, mas estima-se que a maior parte seja registrada no Polo Industrial de Camaçari, principal complexo industrial integrado do hemisfério sul e responsável por um terço do PIB da Bahia. Durante 12 horas, a maioria das 90 empresas instaladas na área teve as atividades paralisadas.

Segundo o presidente do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), Manoel Carnaúba, a queda no fornecimento de energia fez com que o maquinário tivesse de ser desligado, automaticamente, pelos sistemas de segurança das indústrias.

Carnaúba afirma que os funcionários das áreas administrativas das empresas, 3,5 mil pessoas, de um total de 15 mil empregados, foram dispensados, assim como a maioria dos 20 mil colaboradores terceirizados. A expectativa é que as empresas façam uma estimativa e que as atividades só voltem à normalidade em cinco dias.

Já as 27 empresas do complexo da Ford continuaram operando, mas com problemas. Segundo a empresa, a interrupção no fornecimento e energia fez com que a montadora deixasse de produzir 400 automóveis - a planta tem capacidade para montar 912 carros diariamente.

Para o superintendente de Desenvolvimento Industrial da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), João Marcelo Alves, acontecimentos como o apagão causam mais que prejuízos econômicos, "provocam uma crise de confiança por parte dos setores produtivos e também da sociedade".

Pernambuco. O apagão elétrico causou transtornos no trânsito, nos sistemas de informação, nos hospitais, bancos, no metrô e no abastecimento de água. Em todos os 185 municípios houve falta de energia, segundo a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) - em períodos que variaram de 3 a 5 horas.

Os problemas continuaram mesmo depois do restabelecimento da energia. As redes de telefonia e internet apresentam instabilidades em Recife. No Hospital da Restauração, médicos e enfermeiros fizeram mutirões para garantir o atendimento. O gerador do hospital só conseguiu manter energia na área de emergência, em setores da pediatria e neurologia e nas salas de cirurgia. Alguns pacientes que respiravam com a ajuda de aparelhos tiveram que ser socorridos às pressas. Segundo o hospital, nenhum óbito ocorreu. A energia foi restabelecida às 4h da manhã.

Alagoas. A Central de Polícia de Maceió e os hospitais foram os mais afetados. Também houve prejuízo no comércio de alimentos e falhas no abastecimento de água. O Hospital Geral do Estado (HGE), informou que, apesar do apagão, continuou desempenhando normalmente o atendimento de urgência e emergência.