Título: Os três cenários que podem se repetir no Egito
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2011, Internacional, p. A14

Indonésia, Romênia ou Irã: analistas examinam movimentos revolucionários marcantes para tentar prever os rumos que a crise egípcia pode tomar

Enquanto a crise egípcia torna-se mais violenta e incerta, analistas sondam paralelos históricos à procura de respostas. Será um movimento islâmico ou um novo ditador que assumirá o país? Será uma repetição da Revolução Iraniana de 1979? Ou a tradição secular e os militares do Egito favorecerão uma transição democrática como na Indonésia, em 1998? Ou será um meio termo, como a queda do regime comunista na Romênia, em 1989?

Mesmo na era do Twitter, o resultado final pode demorar semanas. Levou quatro meses para que o xá do Irã deixasse o país, depois que a matança de manifestantes provocou uma revolta popular. No Egito, nenhuma guinada rumo à democracia estará assegurada enquanto não ocorrerem mudanças na Constituição. As próximas eleições presidenciais foram marcadas para setembro, mas antes disso será necessário uma cuidadosa reforma para garantir a transição.

Entre as mudanças fundamentais estão a alteração do artigo 76 da Constituição, que impõe enormes exigências que impedem que um opositor concorra à presidência, a revogação do estado de sítio que dá às forças de segurança o poder de prisão sem acusação formal, o restabelecimento de um Judiciário eleitoral e a garantia de que a máquina do Estado, como as redes de TV, estará nas mãos de cidadãos mais neutros do que os atuais membros do partido governista.

Há pelo menos uma certeza: seja qual for a profundidade e o conteúdo das reformas políticas empreendidas no Egito, não há garantias de que o resultado final seja favorável aos interesses dos EUA.