Título: EUA desejam reaproximação com o País
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2011, Internacional, p. A21

Washington A atuação do governo Dilma Rousseff ainda será observada este mês, quando o Brasil preside o Conselho de Segurança da ONU, na condição de membro não permanente. No entanto, o governo americano dificilmente reverterá sua decisão com base em suas primeiras constatações.

Em visitas no ano passado, o presidente Barack Obama reiterou o apoio dos EUA ao Japão no CS e surpreendeu ao defender as pretensões da Índia, país emergente asiático de extrema relevância para as políticas externa e comercial da Casa Branca.

Durante sua visita ao Brasil, a Casa Branca espera disfarçar a ausência de igual apoio, que poderia ser confundido com um menosprezo de Washington pelo País. Os americanos pretendem costurar uma relação mais estreita e cooperativa com o governo de Dilma e superar o desgaste bilateral acentuado no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Esse projeto começa a ser desenhado na visita de amanhã do secretário do Tesouro, Timothy Geithner, à presidente brasileira. Um dos meios de ressaltar a importância conferida pelos EUA a sua relação com o Brasil foi o anúncio da visita de Obama.

O esperado era a ida de Dilma a Washington em março. A decisão foi anunciada pelo próprio Obama no Estado da União, o discurso do presidente no Congresso no início de cada ano.

Segundo fontes, a ida de Obama ao Brasil teria mais impacto para formalizar a virada na relação bilateral do que a presença de Dilma na Casa Branca - o que deve ocorrer ao longo de 2011. "Se Dilma viesse primeiro a Washington, a pergunta mais insistente seria quando Obama iria ao Brasil. Revertemos essa ansiedade", disse o diplomata.

Os EUA têm no Brasil a fonte de seu maior superávit comercial - US$ 10,7 bilhões, em 2009. O País promove ainda a estabilidade na América do Sul e é um interlocutor relevante na discussão de temas globais.

A escolha do Brasil entre os latino-americanos a serem visitados por Obama - Chile e El Salvador também foram incluídos - seguiu o critério da importância. Outros países, como a Argentina, foram descartados porque têm eleições presidenciais neste ano. A Colômbia será visitada em paralelo à Cúpula das Américas, em 2012.