Título: Em apenas dois anos, produtor vê dobrar preço da terra em SP
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2011, Economia, p. B1

Valorização, porém, praticamente paralisou os negócios de compra e venda de imóveis rurais no sudoeste do Estado

Acostumado a investir parte da renda na aquisição de terras para ampliar o cultivo, o grupo agrícola de Rodrigo Furtado, de Itapetininga, no sudoeste paulista, está há quase dois anos sem fazer negócio. Quando a última compra, uma fazenda de mais de 500 hectares, foi efetivada, o preço da terra agrícola na região girava em torno de R$ 30 mil o hectare. "Agora, quando há terra em oferta, chegam a pedir até R$ 60 mil", disse Furtado.

Ele atribui a valorização de até 100% em dois anos ao bom momento vivido pelo agronegócio, com as principais commodities em alta. O grupo é produtor de batata, soja, milho, feijão e trigo.

De acordo com o empresário rural, apesar de existir oferta, os negócios não se concretizam. "As pessoas até colocam preço na terra, mas a impressão é de que não querem vender." Segundo ele, o mercado está comprador, mas o alto preço emperra os negócios. "Muita gente passou a ver na venda de terra uma oportunidade de ganhar dinheiro."

O engenheiro agrônomo Rodolfo Cyrineu, dono de uma empresa de consultoria rural em Itapetininga, conta que muitos proprietários preferem arrendar as terras em vez de vender. Ele conta que barrou alguns negócios porque a fazenda pretendida não atendia ao projeto do comprador.

Faltam terras. Produtores ligados à Cooperativa Hollambra, em Paranapanema, têm dificuldade para ampliar a produção de soja, milho e algodão por falta de terra.

Com a boa renda das lavouras, os proprietários do entorno não se deixam seduzir pelas boas ofertas. No ano passado, um produtor do bairro Caputera, em Itapeva, depois de perder dinheiro com o feijão, vendeu uma área de 55 hectares. Logo depois fez uma boa colheita de soja e se arrependeu do negócio. O adquirente, um holandês, recorreu à Justiça.

DUAS RAZÕES PARA...

A alta de preços de terras no País

1. Elevação das cotações dos produtos agropecuários. Em um ano, a soja subiu 36% no mercado internacional, o milho 60%, o algodão 100%, o açúcar 16%. No mercado interno, o preço da laranja dobrou e o café arábica subiu 40%.

2. Maior procura por terras para outras finalidades, como exploração mineral, parques de energia eólica, fazendas de camarão, por exemplo.