Título: Seguro-saúde privado consome 20% da renda
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2011, Economia, p. B8

Li Qi e seu marido Xu Hang gastam quase 20% de sua renda anual com o pagamento de um seguro-saúde privado para a família. Casados há seis anos, eles compraram um apartamento em 2008, em plena crise financeira, quando os preços não estavam tão altos quanto hoje.

Depois de dar uma entrada de 190 mil yuans (R$ 47,9 mil), o casal financiou o restante em 23 anos, com prestações de 4.000 yuans (R$ 1.000). Agora, eles se preparam para ter um gasto adicional: pagar o jardim de infância do filho único, Xu Zi Ang, de 3 anos. Em Pequim, a mensalidade é no mínimo 2.000 yuans (R$ 500), diz Li. Quando o filho entrar na escola pública, o gasto cairá para cerca de 600 yuans (R$ 151) por semestre.

"Se fôssemos comprar o mesmo apartamento hoje, ele custaria no mínimo o dobro do que pagamos", diz Li, que trabalha em uma empresa de logística. "Com os gastos que temos, não conseguimos poupar nada."

Grávida de seis meses, Zhang Bing sente alívio por ter comprado seu imóvel em 2005, quando os preços eram muito mais baixos. "Não sei quem consegue comprar uma casa hoje em dia."

Zhang abandonou o emprego como editora de uma revista para crianças no início da gravidez. A renda anual do marido, que trabalha com tecnologia, é alta para os padrões chineses: 400 mil yuans (R$ 100,8 mil).

Ainda assim, a família optou por um seguro-saúde básico oferecido pelo Estado. Só para Zhang, o custo é de 500 yuans (R$ 126), mas o seguro não cobre o parto, que custará 6.000 yuans (R$ 1.500) em um hospital que não é de primeira linha.

O plano básico também não cobre despesas inferiores a 2.000 yuans (R$ 504) e reembolsa apenas 80% do que passar desse valor. Isso significa que o seguro pagará só 1.600 yuans de uma conta de 4.000 yuans.

A geração de Zhang, 30 anos, é formada por filhos únicos que sustentam os pais e criam os filhos únicos. Para fazer frente a despesas com saúde, educação e amparo da geração anterior, ela e o marido poupam cerca de 30% da renda familiar. "Não há garantias sociais e nós temos de poupar para o futuro."