Título: China é oportunidade, não ameaça para o Brasil, diz especialista
Autor: Andrade, Renato
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2011, Economia, p. B4

O diretor de Pesquisa e cofundador da consultoria inglesa Trusted Sources, Jonathan Fenby, avalia que China deve ser vista como uma oportunidade e não como uma ameaça para o Brasil.

Para ele, uma possível medida do governo brasileiro para conter as importações chinesas seria negativa, sobretudo porque o país asiático se volta cada vez mais para a América Latina. "E o Brasil é a porta de entrada para a região", disse, após proferir a palestra "Os desafios da China para 2011-12", realizada ontem pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), com o apoio do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

Segundo Fenby, a decisão do Banco do Povo da China de elevar as taxas de juros em 0,25 ponto porcentual (anunciada terça-feira) não será suficiente para controlar a inflação. "É pouco."

De acordo com Fenby, um dos maiores especialistas em China do mundo, a inflação é hoje o grande risco para o crescimento chinês. "A China sempre teve uma inflação em torno de 2% a 3%, e agora está entre 4% e 5%. O risco está no distanciamento entre a inflação e as expectativas."

"É possível que o governo adote medidas que podem afetar todo o desenvolvimento da economia chinesa e a demanda. O desafio é saber até onde a China pode crescer antes de precisar de medidas." Para ele, a China deve crescer de 9% a 10% neste ano.

Fenby disse ainda não acreditar que a China fará alguma mudança em sua política cambial, apesar dos apelos dos Estados Unidos. "Eu acho que a China vai aceitar uma valorização de, no máximo, 3% a 4% na moeda. A China vai argumentar que a inflação está em 5% e não só suportará algo acima de 7% ou 8%."

Na avaliação dele, as exportações chinesas devem sofrer redução neste ano e as importações terão seu custo elevado por causa da alta nos preços das commodities.