Título: Fed nega culpa pela inflação em emergentes
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2011, Economia, p. B7

A política monetária adotada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não traz impacto inflacionário em economias emergentes, como a do Brasil. Em depoimento na Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o presidente do Fed, Ben Bernanke, culpou o aumento de preços de petróleo nesses países e os problemas pouco visíveis de oferta e demanda pela inflação. A decisão do Fed de emitir US$ 600 bilhões ao longo deste semestre para a compra de títulos do Tesouro americano, insistiu ele, não é a causa.

"A política monetária (americana) não pode fazer nada pelo mau tempo na Rússia ou o aumento da demanda por petróleo no Brasil e na China. O que nós podemos fazer é tentar manter os preços estáveis e o crescimento aqui nos EUA", afirmou.

"De fato, os preços de muitos produtos industriais e commodities agrícolas subiram ultimamente, em boa medida como resultado da demanda muito forte de economias emergentes, que experimentaram rápido crescimento e, em alguns casos, somada à contração da oferta", completou Bernanke, ao responder à crítica do presidente da comissão, deputado republicano Paul Ryan, à medida adotada pelo Fed em novembro passado.

Essa foi a primeira audiência de Bernanke na Câmara dos Deputados desde o início do ano, quando a Casa passou a ser controlada pelo partido republicano. Ryan e outros deputados da oposição insistiram no efeito inflacionário e na elevação de fluxos de capitais para economias emergentes, como consequência da emissão de US$ 600 bilhões. O objetivo do Fed com a medida foi ampliar a oferta de crédito para investimentos e consumo nos EUA e, dessa forma, dar impulso à atividade econômica. Porém, boa parte dos dólares adicionais em circulação tem sido direcionada a economias com taxas de juros mais elevadas e/ou crescimento econômico, como a brasileira, provocando valorização das moedas nacionais.

Em uma demonstração de confiança na recuperação mais acelerada da economia americana, Bernanke prometeu suspender a política do Fed de compra de títulos do Tesouro assim que houver indicadores "mais significativos de crescimento".