Título: Obama faz novo apelo por transição pacífica
Autor: Sant"Anna, Lourival
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2011, Internacional, p. A12

Em discurso para estudantes, americano diz que o mundo "testemunha uma revelação histórica", mas evita mencionar a situação de Mubarak

Claramente à espera de uma mudança de curso no Egito, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou ontem a uma plateia de estudantes da Northern Michigan University que o mundo "testemunha uma revelação histórica".

Com o cuidado de não reforçar os rumores de renúncia do presidente egípcio, Hosni Mubarak, que acabaram não se confirmando, Obama aproveitou o momento para dar sinais de apoio de seu governo a uma "transição genuína e ordeira" para a democracia no Egito.

"Está absolutamente claro que nos estamos testemunhando uma revelação histórica", afirmou Obama, ao explicar que seu governo acompanhava muito de perto os acontecimentos de ontem no Cairo. "O momento de transformação está ocorrendo porque o povo do Egito está pedindo mudanças. Nós queremos que aqueles jovens e todo o Egito saibam que os EUA vão continuar a fazer tudo o que puder para apoiar uma genuína e ordeira transição para a democracia", completou.

Na sua rápida caminhada entre a Salão Oval da Casa Branca e o helicóptero que o levou à Base Aérea de Andrews, na manha de ontem, Obama ouviu um apanhado da situação no Egito de seu conselheiro de Segurança Nacional, Tom Donilon. Naquele momento, o diretor da CIA, Leon Panetta, havia afirmado aos deputados do Comitê de Ameaça à Segurança que a renúncia de Mubarak estaria "por acontecer".

Pressão. Embora pressionado pela imprensa, em uma entrevista no voo de Washington a Michigan, a porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, manteve-se cauteloso. Ele não confirmou se Donilon havia dado sinais a Obama da provável renuncia de Mubarak." Nem quis reforçar esse rumor.

"Estamos assistindo a uma situação muito fluída", justificou Gibbs. "O que estamos procurando e o que o presidente (Obama) falou nos últimos dias continua a ser a nossa prioridade: uma transição ordeira para uma eleição livre e justa", acrescentou.

Antes do discurso de Mubarak, o Departamento de Estado dos EUA havia cancelado a entrevista diária que concede à imprensa. Todos esses sinais emitidos ontem por Obama, Panetta e o Departamento de Estado desencadearam na imprensa americana e nos especialistas em Oriente Médio a expectativa de que Mubarak apresentaria sua renúncia.