Título: Inflação para baixa renda é a maior em 7 anos
Autor: Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2011, Economia, p. B8

As famílias de baixa renda amargaram o pior cenário inflacionário em sete anos para um mês de janeiro. O Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) saltou de 0,86% para 1,40% de dezembro para janeiro, pressionado por alimentos in natura mais caros, reajustes em mensalidades escolares e em tarifas de ônibus urbano.

O indicador mede a inflação sentida por famílias com ganhos mensais de até 2,5 salários mínimos. A inflação da baixa renda também foi mais forte do que a sentida por famílias com renda maior, de até 33 salários mínimos mensais, que subiu 1,27% em janeiro, pelo Índice de Preços ao Consumidor - Brasil (IPC-BR).

O economista da FGV André Braz explicou que, se fossem retiradas do cálculo as altas de preços de hortaliças e legumes, mensalidades escolares e ônibus urbano, o IPC-C1 teria subido apenas 0,16% em janeiro.

"A alta do indicador não parece estar disseminada por todos os preços e serviços no varejo, e sim concentrada em aumentos de preços importantes, de peso, dentro do indicador, que costumam ocorrer nesta época do ano", explicou.

Braz lembrou ainda que o mês de janeiro contou com chuvas muito acima do normal para esta época do ano, principalmente no Rio de Janeiro. Isso ajudou a acelerar a inflação dos alimentos in natura, como hortaliças e legumes (de 0,69% para 13,09%), de dezembro para janeiro.

Dos 20 itens alimentícios pesquisados pela fundação, 17 apresentaram desaceleração de preços, de dezembro para janeiro, dentro do IPC-C1. "Na prática, somente hortaliças e legumes responderam por 41% do IPC-C1 em janeiro, e explicam praticamente todo o aumento de preços no setor de alimentação (1,32%) no mês", acrescentou. "Se retirarmos somente hortaliças e legumes do indicador, o IPC-C1 teria subido apenas 0,87% em janeiro", acrescentou.

Da mesma maneira que foram os principais responsáveis pela aceleração do indicador, os preços de hortaliças e legumes levarão à desaceleração na taxa do indicador, nos meses de fevereiro e março, na avaliação de Braz.