Título: Obama subsidia inovação da indústria
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2011, Economia, p. B5

Nova política industrial lançada pelo presidente americano busca substituir importações e recuperar vagas no mercado de trabalho

Preocupado com a demolição de boa parte do setor produtivo dos Estados Unidos nas últimas décadas, o governo de Barack Obama lançou sem estardalhaço uma nova política industrial sustentada na inovação, na substituição de importações e no incentivo ao retorno de parcela de investimentos americanos no exterior.

Com discrição, Obama anunciou o plano em discurso no último dia 7 na Câmara de Comércio dos EUA. Como exemplos do novo "espírito industrial", citou três iniciativas - as plantas da Caterpillar, no Texas, e da Dow Kokam, em Michigan, e uma iniciativa da Geomagic.

"Agora mesmo, negócios em todo o país estão provando que os EUA podem competir", afirmou. "Agora é a hora para investir na América", apelou Obama aos empresários.

Única companhia americana especializada em softwares em 3D, a Geomagic decidiu trazer de volta a sua sede, em Durham, na Carolina do Norte, os setores de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de suas filiais na Alemanha e na China.

Segundo a presidente da empresa, Ping Fu, o objetivo foi concentrar a "alma do negócio" nos EUA, onde há maior oferta de mão de obra qualificada. A área de P&D recebe anualmente 45% do faturamento da companhia. Entre os orgulhos de Ping Fu estão a tecnologia para criação dos monstros do filme Avatar, do design do iPhone e de sapatos para a popstar Lady Gaga.

A Geomagic manteve na Alemanha e na China apenas suas instalações de marketing e vendas para os mercados da Ásia e da Europa e tem planos de abrir uma unidade no Brasil. Para Obama, esse é um exemplo de empresa que está "trazendo de volta os empregos do exterior" - mesmo que sejam apenas 46 postos de trabalho.

Na política industrial da Casa Branca, um ponto-chave é o estímulo aos negócios geradores de empregos dificilmente transferíveis a outros países, como meio de superar o desemprego nos EUA. Daí o foco nas áreas de tecnologia da informação, biotecnologia e de energia limpa.

Dow Chemical. Nesse último segmento, a Dow Chemical juntou-se a outros parceiros para instalar uma fábrica de baterias para veículos em Michigan, a Dow Kokam. O negócio está conectado à estratégia de Obama de dar impulso à produção de componentes capazes de garantir maior eficiência e de reduzir os preços dos veículos elétricos.

"O etanol como combustível tem um limite nos EUA, ao contrário do Brasil. Esse teto é a produção de milho como alimento", explicou Ravi Ramanathan, vice-presidente de Negócios e de Desenvolvimento Geográfico da Dow Kokam. "O governo Obama vê no futuro um parque significativo de veículos elétricos no país e quer encorajar a demanda por esses produtos", disse.

Encorajar, no caso, significa oferecer vantagens para os fabricantes de baterias e motores a investirem na inovação. A Dow Kokam foi beneficiada por créditos tributários e recebeu um empréstimo subsidiado de US$ 151 milhões. A empresa vai contratar 320 trabalhadores e produzir 30 mil baterias por ano.

Referindo-se à produção mais tradicional da indústria americana, Obama citou a planta da Caterpillar no Texas como exemplo de substituição de importação. A fábrica empregará 500 pessoas e produzir para o mercado interno escavadeiras antes importadas do Japão - uma conta de US$ 120 milhões ao ano. "Vamos dobrar o número de empregos hoje oferecidos nos EUA pela Caterpillar no segmento de escavadeiras", disse Jim Dugan, diretor de Assuntos Corporativos.

Bom momento

BARACK OBAMA PRESIDENTE AMERICANO

"Negócios em todo o país estão provando que os EUA podem competir. Agora é a hora de investir na América."

JIM DUGAN DIR. DE ASSUNTOS CORPORATIVOS

"Vamos dobrar o número de empregos hoje oferecidos nos EUA pela Caterpillar."