Título: Só na Argélia, empresas já fecharam contratos de US$ 20 bi
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2011, Economia, p. B6

Na Argélia, para onde o arquiteto Oscar Niemeyer levou suas obras nos anos 60, são as construtoras chinesas que hoje têm em mãos os grandes contratos. Estão construindo o novo aeroporto, o primeiro shopping center, uma prisão, casas populares, hotéis e a maior estrada da África, com 1,2 mil quilômetros. Como prova de "amizade", os chineses construirão a Ópera de Argel, por US$ 40 milhões.

O presente é uma migalha. No total, 50 empresas já ficaram com US$ 20 bilhões em contratos apenas na Argélia. O país é um espelho do que é a relação entre África e China hoje. Em troca dos investimentos, Pequim quer uma parte do petróleo que até pouco tempo ia quase que exclusivamente para a Europa.

Na África do Sul, a China também rompe velhas alianças. O governo local abandonou projetos com empresas europeias para fechar contratos com a China Guangdong Nuclear Power Group. A meta é construir dez usinas até 2030. Na Nigéria, os chineses bateram a oferta do Banco Mundial para financiar uma ferrovia orçada em US$ 8,3 bilhões. Não só os termos do financiamento foram melhores. Os chineses se comprometeram a não fazer perguntas sobre as contas do projeto.

O avanço chinês tem gerado críticas da comunidade internacional. Dentro do continente, essa insatisfação também começa a ficar transparente. Na Zâmbia, não são raros os protestos contra empresas chinesas. Na Argélia, comerciantes chineses foram mortos por jovens irritados com o fato de os asiáticos estarem roubando seus empregos.

Para amenizar a impressão negativa, a China aumentou as viagens oficiais ao continente e cancelou dívidas de alguns países.