Título: Commodities pressionam e inflação do IGP-10 dobra
Autor: Saraiva, Alessandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2011, Economia, p. B8

Pressionada por commodities mais caras, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) dobrou de janeiro para fevereiro, de 0,49% para 1,03%. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em um horizonte de longo prazo, a tendência é de desaceleração, mas isso ocorrerá em ritmo lento. As ¿persistências inflacionárias¿, tanto no atacado quanto no varejo, impedem uma queda mais forte dos indicadores este ano.

O enfraquecimento da inflação medida pelos IGPs foi previsto pelo coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, que acredita que as medidas de restrição à oferta de crédito, anunciadas pelo governo em dezembro, podem reduzir o aquecimento no mercado interno. Além disso, o provável novo ciclo de aperto monetário, apontado pelo banco Central, deve elevar juros e restringir um pouco o apetite do consumidor por compras.

O especialista lembrou ainda de uma pressão do inicio de ano que não se repetirá nos próximos meses: os aumentos de mensalidades escolares e de tarifas de ônibus. No entanto, admitiu que as expectativas inflacionárias continuam elevadas. ¿Ainda não foi possível saber onde se darão os já anunciados cortes nos gastos do governo. Portanto, os anúncios ainda não serviram para derrubar as expectativas inflacionárias no mercado¿, avaliou.

Um fator que também puxou as expectativas para cima é a cotação das commodities agrícolas, que se reflete nos preços de atacado e varejo e deve continuar a subir ao longo de 2011. A alta das commodities norteou a aceleração do IGP-10, sendo responsável pelas cinco principais elevações, com destaque para algodão em caroço (19,68%) e minério de ferro (5,62%). A inflação atacadista mais do que triplicou, de 0,35% para 1,16%.

Fipe. O Índice de Preços ao consumidor (IPC), apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), registrou alta de 0,95% na segunda quadrissemana de fevereiro, desacelerando em relação à alta de 1,12% da primeira quadrissemana. Na comparação entre a primeira e a segunda prévias de fevereiro, três grupos registraram desaceleração da alta de preços: Alimentação (de 0,29% para 0,06%), Transportes (de 3,24% para 2,47%) e Educação (de 4,81% para 3,48%). Os preços aceleraram em habitação (de 0,58% para 0,67%) Saúde (de 0,73 para 0,92%) e Vestuário (de 0,15% para 0,28%). / Colaborou Hélio Barboza