Título: Repressão na Líbia deixa aliados em situação incômoda
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2011, Internacional, p. A12

Se o massacre na Líbia tem deixado grande parte da comunidade internacional estarrecida diante do comportamento de Muamar Kadafi, alguns países estão visivelmente em uma situação incômoda e revelam a dificuldade da comunidade internacional em chegar a um acordo sobre como lidar com violações aos direitos humanos. Na ONU, as delegações de Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador optaram por não apoiar a convocação de uma reunião de emergência para lidar com a crise em Trípoli. Nenhuma delas ainda afirma se votará na proposta de resolução que condena Kadafi pelo massacre. O silêncio não vem por acaso. Vários desses países nutriram por anos uma relação de proximidade com Trípoli. O líder líbio criou há 22 anos seu próprio Prêmio Nobel, chamado de Prêmio Kadafi de Direitos Humanos. Fidel Castro foi o vencedor em 1998, Evo Morales em 2000, Hugo Chávez em 2004 e o sandinista Daniel Ortega em 2010. Na Europa, a situação mais incômoda é a de Silvio Berlusconi, que tem tentado evitar críticas públicas contra o líbio.