Título: Petrobrás cria empresa de logística para área de etanol
Autor: Lima, Kelly ; Magossi, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2011, Negocios, p. B16

Logum, que administrará alcoolduto de 1,3 mil km, tem como sócias também a Cosan, Copersucar, OTP, Uniduto e Camargo Corrêa

A Petrobrás, em parceria com a Copersucar, Cosan, OTP (Odebrecht), Uniduto e Camargo Corrêa, lançou ontem a Logum, empresa de logística para transporte de etanol no Brasil. Um avanço em relação aos projetos individuais de alcooldutos que a originou, a companhia será responsável pela implantação de todo o sistema logístico multimodal para o transporte e armazenagem de etanol, com investimentos de R$ 6 bilhões.

O sistema que será administrado pela Logum foi desenvolvido, segundo seus acionistas, para ter capacidade de atender o dobro da demanda dos atuais sócios. A primeira fase do duto, entre Ribeirão Preto e Paulínia, no interior de São Paulo, deve estar concluída até dezembro de 2012.

Sem contar as ampliações ainda possíveis, o sistema terá capacidade de atender a 70% de todo o mercado em 2020. "Teremos capacidade de transportar 22 bilhões de litros anuais e armazenar 800 milhões de litros", afirmou Alberto Guimarães, presidente da nova empresa. Segundo ele, as obras de colocação dos dutos no primeiro trecho, ligando Paulínia a Ribeirão Preto, terão início no período de seca, a partir de abril deste ano.

A previsão da Logum é que, com a abertura do mercado global de etanol, o projeto de construção de um terminal de 5 bilhões de litros seja construído em Caraguatatuba (SP), com vistas à exportação do produto.

O presidente do Conselho de Administração da Logum, Marcos Lutz (Cosan), destacou que o ganho das sócias será o lucro proporcional à sua participação na empresa e com a redução de custos utilizando este sistema integrado de transporte. "Numa conta muito superficial, considerando uma redução média estimada de 20% dos custos, poderemos abater em torno de R$ 80 milhões anuais dos gastos da Cosan", estimou.

À exceção da Camargo Correa e Uniduto, que terão participação de 10% cada uma, os demais acionistas participarão com 20% do capital. Chamado de sistema multimodal de logística de etanol, o projeto da Logum se estenderá por cerca de 1.300 quilômetros atravessando 45 municípios, ligando as principais regiões produtoras de etanol nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, ao principal mercado consumidor de etanol do Brasil, a região da Grande São Paulo, e também aos portos do Sudeste.

O sistema é necessário à medida que a produção de etanol está cada vez mais distante dos centros consumidores e de exportação. A expectativa é de que o Estado de São Paulo, que em 2009 concentrava 69,3% da produção de etanol, chegue em 2021 com 48,06% do total produzido enquanto, no período, Goiás salte de 10,2% para 18,2% e Mato Grosso do Sul saia de 6,1% para 14,5%.

Sinergia. Inicialmente, vários projetos de alcooldutos foram criados de forma individual. A Petrobrás tinha seu projeto na PMCC, em parceria com a Mitsui e a Camargo Corrêa. A Brenco também possuía um projeto, depois incorporado pela ETH. A Uniduto, empresa formada por mais de 80 usinas, tinha seu próprio traçado de alcoolduto, ligando o Centro-Oeste ao litoral paulista.

Todos esses projetos tinham traçados muito semelhantes. A crise econômica fez com que houvesse uma necessidade de sinergia entre elas, o que acabou levando à união de todos os projetos em apenas um.

O capital social da companhia será inicialmente de R$ 100 milhões e, segundo o diretor de abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, ainda será definido que porto vai operar com a Logum. "Somente depois de detalhadas as exportações é que definiremos o porto."