Título: Na TV, ditador fala em guerra sangrenta
Autor: Sant¿Anna, Lourival
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2011, Internacional, p. A12

TRÍPOLI

O líder líbio, Muamar Kadafi, declarou ontem que milhares de líbios morrerão se os Estados Unidos ou outras potências internacionais invadirem a Líbia e garantiu estar disposto a negociar mudanças constitucionais no país, sem violência.

"Eles querem que nos tornemos escravos outra vez como éramos escravos dos italianos", disse Kadafi, referindo-se à colonização italiana do país. "Nunca aceitaremos isso. Entraremos numa guerra sangrenta e milhares e milhares de líbios morrerão se os Estados Unidos ou a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) entrarem (na Líbia)."

O líder líbio voltou a acusar a Al-Qaeda e o fundador da organização fundamentalista, Osama bin Laden, pelos confrontos em seu país.

"Estou disposto a debater com qualquer um deles (da Al-Qaeda): um dos "emires" deles, qualquer um que se apresente, que venha a mim para debater. Mas eles não negociam. Eles não têm exigências."

O líder líbio afirmou ainda que está disposto a receber observadores internacionais para avaliar a situação em seu país. "Pedimos ao mundo e às Nações Unidas que enviem missões de reconhecimento para descobrir onde as pessoas que morreram foram mortas - se foram mortas nas ruas, em frente a postos de polícia ou em quartéis; se eram policiais e soldados ou apenas civis. Descobrirão que alguns deles eram civis que atacaram delegacias de polícia e quartéis. Que policiais e soldados defenderam as suas posições", afirmou.

Kadafi reiterou que não pode renunciar ao poder, já que não exerce nenhum cargo formal no país. O líder afirmou considerar-se apenas uma espécie de guia para os líbios. / AP e REUTERS