Título: Gerdau segue CSN e Usiminas e faz aposta em minério
Autor: Magnabosco, André
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2011, Negociois, p. B12

Grupo informou ontem que estuda separar seus ativos de mineração e pode buscar parceiro para atuar no setor

Em um momento em que os preços do minério de ferro refletem o aperto entre a oferta e demanda, seguindo passos já anunciados por Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Usiminas, agora é a vez da Gerdau elevar a participação da matéria-prima nos seus negócios.

Ontem, a empresa comunicou ao mercado que pretende comercializar seus ativos de minério e que seus recursos minerais medidos, indicados e inferidos somam, atualmente, 2,9 bilhões de toneladas de minério de ferro, ante 1,8 bilhão de toneladas divulgado anteriormente. O teor médio do minério de ferro da Gerdau é por volta de 41%, e os recursos estão localizados em Miguel Burnier (MG) e Várzea do Lopes (MG).

A Gerdau espera que sua siderúrgica de Ouro Branco (MG) possa ser totalmente abastecida com minério da própria companhia a partir de 2012, quando a produção da matéria-prima chegará a 7 milhões de toneladas. Para este ano, a produção esperada é de 5,6 milhões de toneladas.

O aumento da produção de minério vai possibilitar a elevação da capacidade instalada da unidade de Ouro Branco dos atuais 4,5 milhões de toneladas anuais para um total que poderá chegar, futuramente, ao volume de 11 milhões de toneladas a 13 milhões de toneladas anuais, segundo o diretor-presidente da Gerdau, André Gerdau Johannpeter.

Na divulgação dos resultados de 2009, um ano atrás, a Gerdau já havia deixado claro que queria avançar em minério, mas foi agora que a companhia chamou, de fato, a atenção do mercado com um anúncio no setor.

Os prazos e formatos para a comercialização dos ativos de minério ainda não foram definidos, mas entre as possibilidades cogitadas está a de encontrar um parceiro e a de separar os ativos de mineração em uma empresa. Se a Gerdau optar por essas duas estratégias, o caminho vai se assemelhar ao da Usiminas, que vendeu 30% da Mineração Usiminas à Sumitomo Corporation.

Desequilíbrio. Na avaliação do mercado, o aperto entre oferta de minério e demanda pela commodity deve permanecer pelo menos até 2012 ou 2013, até que as novas capacidades previstas pelas mineradoras entrem em operação. A demanda por minério vem sendo puxada, principalmente pela China, que responde por quase metade da produção mundial de aço.

No mercado à vista (spot) chinês, os preços do minério refletem esse cenário. Os preços do insumo já superaram a cotação mais alta de 2010 e, diante dos aumentos neste início de ano, o mercado passou a considerar a possibilidade de a barreira de US$ 200 por tonelada ser rompida no mercado à vista da China.