Título: Com mudança no comando, Fibria estuda entrada em novos mercados
Autor: Magnabosco, André
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2011, Negociois, p. B12

O futuro presidente da Fibria, Marcelo Castelli, assume no próximo dia 1.º de julho com a tarefa de buscar novas fronteiras para a companhia. Além de manter a fabricante brasileira no topo do ranking dos maiores produtores mundiais de celulose branqueada de eucalipto, a prioridade do executivo será definir estratégias que permitam à Fibria avançar em novas aplicações para o uso das florestas e para regiões onde ainda não atua.

Dessa forma, a Fibria estaria mais preparada para o processo de consolidação do setor que ainda está por vir, segundo a direção da companhia. "O setor passa por um choque de competitividade e por isso a tendência é de consolidação", afirmou Castelli.

As declarações do ainda diretor da Fibria reforçam o sentimento de que o momento mais adverso da recente história da companhia, criada em 2009 com a união entre Aracruz e Votorantim Celulose e Papel (VCP), chegou ao fim. Para equacionar as finanças após perdas bilionárias registradas pela Aracruz com operações de derivativos, a direção da Fibria deu início a uma ampla política de venda de ativos e renegociação de dívidas.

Com isso, a dívida líquida da fabricante, que chegou a superar R$ 15 bilhões em setembro de 2009, caiu para menos de R$ 10 bilhões no final do ano passado, um patamar considerado mais aceitável para uma companhia cuja receita líquida superou R$ 7 bilhões em 2010.

O trabalho de redução da dívida da Fibria foi liderado pelo atual presidente Carlos Aguiar, que agora deixará o cargo, por motivos pessoais, para que Castelli possa dar início a um novo ciclo da companhia. "Agora estamos preparados para retomar o crescimento em um período muito curto", afirmou o futuro presidente, que encabeçará um processo de transição ao lado de Aguiar até o final do primeiro semestre deste ano.

Expansão. Castelli será responsável por colocar em prática o projeto da companhia de dobrar de tamanho até 2020. Para isso, serão construídas ao menos três novas fábricas de celulose ao longo da década. O primeiro projeto, a instalação da segunda linha de produção no complexo localizado em Três Lagoas (MS), irá a análise definitiva do começo de 2012. A unidade entrará em operação em 2014 e demandará investimentos superiores a R$ 5 bilhões (ver abaixo).

Os estudos para a construção de novas fábricas de celulose ocorrerão de forma simultânea às pesquisas na frente florestal. "Observamos oportunidades de novas fronteiras nessa área", disse Castelli. Entre elas, revelou, estão a modificação genética do eucalipto e a produção de energia a partir da madeira - segmento no qual a concorrente Suzano Papel e Celulose já anunciou planos de investimento.

Concluída a estratégia de crescimento traçada para até 2020, a Fibria deverá intensificar seu processo de internacionalização - a companhia já é uma das maiores exportadoras do País. "Olhando para o futuro, precisamos prospectar novas florestas. Por isso já olhamos outros continentes para entender o que está acontecendo", disse Castelli.

O processo já está em curso e, devido o período de maturação das florestas plantadas, de pelo menos seis anos, qualquer investimento para além de 2020 deve ser definido e iniciado em um prazo máximo de três a quatro anos. "Já temos mapeamento de áreas no Brasil e na América do Sul, e a África também está no nosso radar", disse Castelli, que cogita até eventuais parcerias, fusões e aquisições.

A lista de países analisados pela Fibria no passado vai desde Gana até Argentina, Uruguai, Paraguai e Peru. E as opções de novas fronteiras são ainda mais amplas, ao menos na visão de Aguiar, que, após deixar a presidência, assumirá uma das cadeiras do conselho de administração da Fibria, a partir de 2012. "Sou fã de olhar para o Sul dos Estados Unidos", disse.