Título: O ritmo de crescimento do emprego ainda é alto
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2011, Economia, p. B2

Um dos termômetros mais importantes da atividade econômica é a abertura de vagas de trabalho - e o número de vagas com carteira assinada, registrado pelo Caged, do Ministério do Trabalho, foi de 152 mil em janeiro - o segundo melhor resultado da história, enquanto o desemprego, medido pelo IBGE, ficava em 6,1%. O mercado de trabalho, embora menos aquecido, ainda tem um comportamento satisfatório, contribuindo para a manutenção do ritmo da economia.

Entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011, foram criadas 475 mil vagas e a população ocupada aumentou 2,2%, segundo o IBGE. Em termos relativos, o Brasil melhorou, nota o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo: antes da crise, entre as 20 maiores economias, 17 tinham taxas de desemprego inferiores à do Brasil. Agora, apenas cinco países da mostra apresentam-se com desemprego inferior ao brasileiro. Pelos critérios do IBGE, o País está à frente do Canadá, da Alemanha e dos Estados Unidos. E atrás, por exemplo, da Coreia do Sul (onde o desemprego é de 3,8%).

Mas, segundo o Caged, quase a metade do saldo líquido de vagas foi gerada pelo setor de serviços - sobretudo, de administração, de imóveis e de alojamento, alimentos, reposição e manutenção -, e pouco mais de 1/3 pela indústria de transformação, com destaque para calçados, mecânica, metalurgia, materiais elétricos e comunicações, materiais de transporte, têxtil e indústria química e produtos farmacêuticos.

A situação da indústria manufatureira é menos confortável, com o real valorizado e dificuldades para exportar. Já na construção civil, a demanda continua expressiva, com a contratação de 33,3 mil trabalhadores com carteira assinada, em janeiro, e 301 mil nos últimos 12 meses (+13,28% acima dos 12 meses anteriores).

O trabalho extra do Caged é o de convencer os agentes econômicos de que as modificações introduzidas nas estatísticas de emprego, no ano passado, eram necessárias. Os dados anuais de dezembro foram revisados para baixo e a propaganda em torno dos 2,5 milhões de novos empregos formais, em 2010, deu lugar a números ainda recordistas, mas bem menores. O governo terá de ser cauteloso, embora o número de vagas formais previsto para o ano ainda seja projetado entre 1,5 milhão e 1,8 milhão.

As estatísticas destinam-se a avaliar a situação presente em cotejo com o passado. Se perderem essa característica, perderão credibilidade - e esta é mais importante do que os recordes, que só sensibilizam os trabalhadores que já estão empregados.