Título: Acordo vai beneficiar ex-dirigentes do banco
Autor: Friedlander, David
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2011, Economia, p. B1

Para advogado que representa ex-administradores e acionistas do Bamerindus, proposta do FGC servirá para outros detentores de ações

CURITIBA - O advogado e ex-assessor jurídico do Banco Bamerindus, João Antônio Vieira Filho, que hoje representa um grupo de cerca de cem ex-administradores e acionistas da instituição, disse ontem que a solução a ser apresentada pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) aos acionistas minoritários do banco, em assembleia no dia 22, servirá também para outros detentores de ações. "Foi uma solução construída a seis mãos e não há privilégios."

"Desde o início, a nossa ponderação era de que o acordo deveria contemplar todos os acionistas, principalmente os que estão sem representação", afirmou Vieira Filho.

Dos cerca de 53 mil acionistas do banco, 1,2 mil fazem parte da Associação Brasileira dos Investidores Minoritários do Grupo Bamerindus (Abimgb), outros cem são representados por Vieira Filho, e em um terceiro grupo está o ex-ministro da Agricultura e ex-presidente do banco José Eduardo de Andrade Vieira, que tinha a maior fatia como pessoa física. O banco teve parte dos ativos vendidos ao HSBC em 1997 e o restante permanece em liquidação extraordinária.

Proposta. Os diretores do FGC devem retornar ao trabalho somente na segunda-feira. Vieira Filho disse que provavelmente o órgão, mantido por bancos privados, elabore um edital permitindo que todos os que desejarem vender suas ações façam a opção por meio de uma instituição financeira. "É assim que está conversado com o Fundo Garantidor de Crédito", afirmou.

"Todos os 53 mil acionistas serão beneficiados independentemente de pertencerem ou não a uma associação, desde que se habilitem respeitando as regras." Segundo ele, a proposta já foi acatada pelo Banco Central.

O vice-presidente da Abimgb, Jair Euclides Capristo, destacou que o acordo a ser discutido no dia 22 é com a associação, mas ele também entende que, numa segunda etapa, deva ser estendido para todos os acionistas. "O que temos de garantia é que aquilo que o FGC pagar para nós pagará para todos os forem receber mais à frente", acentuou.

Inicialmente, os acionistas minoritários pediam R$ 12,90 por ação, que era o valor da época da intervenção. Na negociação, o FGC concordou em pagar R$ 7,74 por ação do Banco Bamerindus e R$ 5,52 por ação da Bamerindus Participações e Empreendimentos, holding controladora do grupo. Segundo Capristo, nesta semana mais de 200 pessoas fizeram contato para pedir informações sobre o acordo.