Título: Nível de emprego da indústria se mantém estável
Autor: Rodrigues, Alexandre; Saraiva, Alessandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2011, Economia, p. B6

Ligeira queda de 0,1% em janeiro em relação a dezembro reflete o fraco desempenho do setor, que enfrenta desaceleração desde 2010

O nível de emprego na indústria apresentou ligeira queda de 0,1% em janeiro, na comparação com dezembro do ano passado, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado mantém a estabilidade do mercado de trabalho na indústria, que vem oscilando entre 0,1% e -0,1% desde agosto de 2010, refletindo o fraco desempenho do setor. A produção industrial cresceu apenas 0,2% entre dezembro e janeiro.

"Esse comportamento do emprego vem repetindo a manutenção do menor ritmo da produção da indústria desde meados de 2010. Isso acaba refletindo no mercado de trabalho. As empresas só fazem novas contratações com um cenário de ampliação da produção, que neste momento está se mostrando estável", explica André Macedo, da coordenação de Indústria do IBGE.

O economista também destacou que mesmo a variação positiva de 2,7% ante janeiro de 2010 reflete a desaceleração do ritmo do crescimento do emprego industrial, que foi de 3,6% no último trimestre do ano passado. A taxa de janeiro nessa comparação é a menor desde março de 2010, quando ficou em 2,4%. Em julho do ano passado, chegou a subir 5,3%, mas desde então vem desacelerando, chegando a 3,4% em dezembro.

Análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) destacou que a produção industrial acumula retração de 2,6% entre abril do ano passado e janeiro deste ano. "Esse baixo desempenho se deve, em grande medida, ao volume crescente de importações que está deslocando e substituindo a produção doméstica."

Macedo concorda que o aumento do volume de importações pode estar amortizando o impulso do consumo ainda em alta sobre a produção da indústria e, consequentemente, a abertura de novas vagas.

"O maior volume de importações facilmente percebido nos indicadores acaba refletindo a ideia de que estão abastecendo o mercado interno", diz, lembrando que o câmbio valorizado tem um aspecto favorável ao facilitar a importação de máquinas.

Considerado o mais qualificado da economia, o emprego industrial tem forte influência sobre o consumo e a demanda interna de serviços. Após dois meses de retração, a folha de pagamento real da indústria cresceu 5,1% em janeiro em relação ao mês anterior e 7,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Já o número de horas pagas recuou 0,1% em relação a dezembro e a variação positiva de 2,8% em relação a janeiro de 2010 é a menor em nove meses.

Para Macedo, os números não devem ser interpretados como uma tendência de piora do quadro do emprego na indústria, mas um sinal de estabilidade. O economista lembra que, diferentemente dos números do ano passado, a base de comparação agora já é um cenário de recuperação da crise financeira, que abateu o emprego na indústria no início de 2009. De qualquer forma, o nível do emprego no setor ainda está 1,8% abaixo do patamar pré-crise.

PRESTE ATENÇÃO...

1. Na produção. Análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) destacou que a produção industrial acumula retração de 2,6% entre abril do ano passado e janeiro deste ano

2. Na folha. Após dois meses de retração, a folha de pagamento real da indústria cresceu 5,1% em janeiro em relação ao mês anterior e 7,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

3.Na comparação. A base de comparação agora já é um cenário de recuperação da crise financeira. De qualquer forma, o nível do emprego no setor ainda está 1,8% abaixo do patamar pré-crise.