Título: Terremoto no Japão derruba bolsas ao redor do mundo
Autor: Scrivano, Roberta
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2011, Economia, p. B10

As quedas mais fortes foram verificadas nas bolsas de Hong Kong e Tóquio; na Europa, situação foi semelhante

Desde o início do ano o mercado financeiro tem dúvidas em relação ao ritmo da recuperação econômica global. Ontem, a situação se agravou com a ocorrência de um dos mais fortes terremotos da história no Japão, seguido por um tsunami, além de protestos políticos na Arábia Saudita, fatores que derrubaram as bolsas ao redor do mundo.

Os recuos mais acentuados foram verificados nas bolsas asiáticas (Hong Kong perdeu 1,55% e Tóquio, 1,72%). Na Europa, a situação foi semelhante: a bolsa de Milão perdeu 1%; Frankfurt,1,16%; e Paris, 0,89%.

As quedas verificadas nas bolsas europeias, dizem especialistas, foram puxadas pelas ações das seguradoras, afetadas pelas notícias do terremoto japonês.

Somente a Nasdaq (0,54%), Dow Jones (0,50%) e a brasileira Bovespa (0,98%) não registraram queda ontem.

A divulgação de dados econômicos decepcionantes nos Estados Unidos e na China também pesou sobre o mercado. O Departamento do Comércio dos EUA publicou aumento de 1% nas vendas no varejo em fevereiro. Era esperada uma alta de 1,2%. A China, por sua vez, divulgou que o índice de preços ao consumidor subiu 4,9% em fevereiro, sobre o mesmo mês de 2010 - a alta esperada era de 4,8%.

Bovespa. Embora a Bovespa tenha fechado em alta, o dia foi de grande volatilidade na sessão da bolsa brasileira. Até o meio-dia, a Bovespa operou no negativo. Depois disso, o Ibovespa inverteu o jogo e se descolou dos mercados globais.

Os especialistas consultados pela reportagem explicam que o que segurou a pontuação foi o fato de a Bovespa ter perdido muito nos últimos dias - principalmente por causa da Vale e da Petrobrás -, o que fez com que os preços dos papéis ficassem baixos e atraíssem a atenção dos investidores.

"Não há nenhuma notícia tão positiva, aqui ou no exterior, que possa explicar esse avanço. Mas alguns papéis que sofreram muito nos últimos pregões chegaram ao ponto de compra e passam por um processo de recuperação. Parece ser a famosa caça às pechinchas", argumenta o analistas de uma corretora paulista.

"Mas a volatilidade está muito alta, e isso significa que o índice pode virar a qualquer momento (daqui para frente)", contrapõe Pedro Galdi, estrategista-chefe da SLW Corretora. "Do jeito que a Bolsa está, o acompanhamento tem que ser feito hora a hora e não dia a dia", brinca Galdi. COLABOROU MÁRCIO RODRIGUES