Título: Oferta de minério cresce, mas não alcança demanda
Autor: Ciarelli, Mônica
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2011, Negócios, p. B14

A Vale calcula que a oferta mundial de minério de ferro deve crescer em 600 milhões de toneladas nos próximos cinco anos. O volume representa um aumento de 60% na negociação do insumo, que em 2010 ficou em 1 bilhão de toneladas.

Apesar da expansão, o atual cenário de escassez não deve mudar, na opinião do diretor de Marketing, Vendas e Estratégia da Vale, José Carlos Martins. "A escassez veio para ficar. Eu não acho que é um ciclo. Temos de, daqui para frente, saber conviver com ela", disse.

O executivo explicou que somente uma interrupção abrupta no processo de urbanização da China poderia alterar esse quadro. Segundo ele, a pressão por matérias-primas tem como pano de fundo o crescimento chinês. "O que foi feito em 200 anos (nos EUA), na China está sendo feito em 20 anos."

Para Martins, não há falta de recursos naturais no mundo. O problema é que a velocidade do consumo supera, e muito, os projetos de expansão da oferta.

O diretor da Vale disse que a mineradora brasileira tem recursos para produzir 1 bilhão de toneladas por ano, mas produz apenas 300 milhões por conta da falta de equipamentos, mão de obra e entraves na obtenção de licenças ambientais.

Segundo ele, é impossível desenvolver grandes projetos ao mesmo tempo no Brasil. O quadro piorou com a concorrência do pré-sal. "Precisamos de engenheiros, gente especializada e equipamentos. Imagina quando começarmos a construir as siderúrgicas que temos de fazer", disse o executivo.

Martins disse ainda acreditar que os investimentos na África serão fundamentais para minimizar o descompasso entre oferta e procura. Os chineses, ressaltou, foram os primeiros a correr e se posicionar no continente.

A Vale, porém, já colocou os pés na África. O projeto Simandou, na Guiné, é o primeiro de minério de ferro do grupo fora do País. A produção em escala industrial está prevista para 2012. A Vale também explora carvão em Moçambique, onde estuda ainda investir em uma unidade de fertilizantes.