Título: Cinturão de Fogo concentra 90% dos terremotos
Autor: Gonçalves, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2011, Internacional, p. A24

Região no Pacífico, com intensa atividade sísmica e vulcânica, inclui o oeste dos EUA e o leste da Ásia, onde está o Japão

O terremoto de ontem no Japão liberou uma quantidade de energia equivalente a 27 mil bombas atômicas iguais a que devastou Hiroshima, em 1945. "Parte dessa energia foi transformada em calor (no fundo do mar) e o resto provocou o abalo sísmico", explica George Sand, do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB).

Cerca de 90% dos terremotos no mundo ocorrem na região conhecida como Cinturão de Fogo do Pacífico: uma área de intensa atividade sísmica e vulcânica que inclui o oeste do continente americano e o leste da Ásia, onde está o Japão.

Ainda não há consenso entre os especialistas sobre as causas da concentração dos tremores nessa região, mas todos concordam que a explicação tem a ver com o comportamento da placa tectônica do Pacífico. Essas placas são grandes porções de crosta que flutuam sobre o manto da Terra, camada mais plástica de material quente. Elas movem-se continuamente, aproximando-se ou distanciando-se umas das outras. Tais choques e repulsões provocam terremotos e erupções vulcânicas.

A maior parte do Oceano Pacífico está situada sobre uma placa homônima. As placas vizinhas a pressionam por todos os lados. Como a Placa do Pacífico suporta uma massa maior - todo o volume do oceano -, de tempos em tempos, as demais placas sobem sobre ela (mais informações nesta página). A energia acumulada pela tensão entre as placas é liberada sob a forma de abalos sísmicos.

"Nossos registros de tremores não têm nem um século. O planeta tem bilhões de anos", compara Sand. Para o pesquisador, ainda há poucos dados para compreender perfeitamente a dinâmica das placas tectônicas o que prejudica muito qualquer previsão de eventos sísmicos.

Os sismógrafos da UnB captaram o abalo no Japão. O geólogo Rogério Marcon, do Instituto de Física da Unicamp, também registrou o tremor no aparelho que montou em sua casa, em Campinas. "A onda chegou aqui com uma intensidade de um na escala Richter", aponta Marcon. "Captei uma mudança de frações de milímetro no terreno durante quatro horas."