Título: Trabalhamos com a política de longo prazo
Autor: Tereza, Irany
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/03/2011, Economia, p. B4

DIRETOR DE ABASTECIMENTO DA PETROBRÁS

Ao contrário de combustíveis como o querosene de aviação, nafta e óleo combustível, reajustados mensalmente por contrato, seguindo a oscilação internacional, gasolina e diesel seguem uma política de quase congelamento de preços. O último ajuste de preços foi em 2009. O petróleo já havia caído a patamares de US$ 50, para depois se estabilizar em torno de US$ 70. A queda no mercado doméstico foi feita na refinaria, com redução do imposto Cide pago pela Petrobrás ao governo, e o impacto na bomba, para o consumidor, foi quase nulo. O diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, defende a política diferenciada para esses dois combustíveis:

Quanto a Petrobrás perdeu em receita mantendo inalterado o preço da gasolina?

Não trabalhamos, no caso de diesel, gasolina e GLP, com uma política de variação de preços. Para esses combustíveis, trabalhamos com a política de longo prazo. Se olharmos os resultados de 2009, foram excepcionalmente bons. Em 2010 houve uma redução, mas os resultados foram muito bons em termos de ganho. No final de 2010 tivemos a alta do preço do petróleo, que saiu da faixa de US$ 80, chegou a US$ 90 e agora já passa de US$ 100. Em alguns anos se ganha, em outros empata e em outros se tem ganho menor ou certa perda.

A Petrobrás perde quando outras petroleiras ganham e ganha quando outras perdem. Qual é a vantagem disso?

A empresa não tem prejuízo. No médio prazo, está atrelado ao mercado internacional. O problema é não repassar a volatilidade do preço para a gasolina e diesel, porque achamos que não é bom. Se repassamos demais a volatilidade, daqui a pouco teremos queda de venda.

Qual o limite para o preço internacional acionar um repasse aqui?

Isso eu não posso falar. O último ajuste no preço da gasolina e no diesel foi em maio de 2009. Foi uma redução: 15% no diesel e 4,5% na gasolina. Isso não foi direto para o consumidor na bomba porque anteriormente estava se usando parte da Cide como um colchão.

O consumidor pode ficar tranquilo? Não há perspectiva de aumento da gasolina no curto ou médio prazo?

Uma hipótese: a situação no Oriente Médio tem uma deterioração total. De repente, começa a ter impacto no maior produtor (de petróleo mundial), que é a Arábia Saudita, e o petróleo vai a US$ 200. Aí muda todo o cenário. Isso tudo pode acontecer em 30, 20, 15 dias. Não dá nem para saber se é médio, curto ou longo prazo, porque o mundo está muito volátil.