Título: Desastre leva trégua fugaz à política japonesa
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/03/2011, Internacional, p. A13

Em raro momento de reconciliação, governo e oposição concordam em projeto para financiar ajuda após tremor

Apesar da solidariedade prestada pelos partidos da oposição do Japão ao governo, que neste momento enfrenta um duplo desastre, são poucos os que preveem o fim das lutas internas que abalaram a vida política e põem em risco projetos orçamentários fundamentais para o país.

Poucas horas antes do terremoto devastador de sexta-feira, o primeiro-ministro Naoto Kan - extremamente impopular e acusado de receber contribuições ilegais durante a campanha - repudiava os apelos da oposição para que renunciasse.

Mas no domingo, em um raro momento de reconciliação, o Partido Democrático do Japão (PDJ), governista, e seu principal rival concordaram em discutir um aumento temporário dos impostos para financiar a ajuda que provavelmente chegará a bilhões de dólares depois do desastre. No entanto, as críticas à atuação do governo na crise desencadeada pelo sismo já indicam que a trégua não durará muito tempo. Apesar dos apelos dos políticos e da imprensa para a união popular desde o início da crise, os líderes da oposição já acusaram o governo de não contar toda a verdade sobre o acidente na usina nuclear de Fukushima.

Igualmente preocupantes para Kan, que assumiu o cargo em junho do ano passado como quinto premiê japonês em quase cinco anos, são os boatos divulgados pelos adversários em seu próprio partido, muitos dos quais queriam que ele se demitisse para consertar os estragos no PDJ.