Título: Mercado financeiro eleva projeção para o IPCA após ata do BC
Autor: Assis, Francisco Carlos de
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2011, Economia, p. B5

Pesquisa Focus indica avanço na previsão de 5,78% para 5,82%, depois de pequena queda na semana passada

BRASÍLIA

No primeiro levantamento após a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a projeção do mercado financeiro para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011 avançou de 5,78% para 5,82%. O movimento reverteu a pequena queda da semana passada, que interrompeu uma sequência de 12 semanas de alta nas projeções. Para 2012, no entanto, a projeção para o IPCA foi mantida em 4,8%.

Ao mesmo tempo, segundo a pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central, o mercado ficou mais pessimista com o nível de atividade, reduzindo para 4,1% a previsão de alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 e para 4,45% em 2012.

A piora nas expectativas inflacionárias também atingiu o grupo da cinco instituições que mais acertam as projeções de médio prazo - o chamado Top 5 -, que reviu a previsão para o IPCA de 2011 para 6,31%. Os índices gerais de inflação também pioraram. A previsão para o IGP-M, que referencia contratos de aluguel, subiu para 6,97% em 2011, e para 2012 chegou a 4,8%.

Para a economista do Banco Santander Tatiana Pinheiro a retomada da alta das expectativas de inflação para 2011 tem um pouco da contribuição da ata do Copom. Na visão dela, o documento sinalizou que a autoridade monetária está disposta a reduzir a carga de aumento de juros e recorrer mais às medidas macroprudenciais para tentar conter a demanda e combater a inflação. Os analistas demonstram não estão muito confiantes no sucesso da estratégia. "A tendência é de continuidade de aumento das expectativas de inflação para 2011 e 2012", afirmou Tatiana. Para ela, quando o BC sinaliza que pretende dar menos juros ele acaba elevando o prêmio inflacionário.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, avalia que ainda não se pode dizer com certeza que a Focus mostra descrédito do BC junto ao mercado. "A ata saiu na quinta-feira e nem todas instituições puderam ajustar suas projeções. É preciso esperar para ver se teve ou não efeito." De qualquer forma, o economista considera que o BC não vai conseguir convencer o mercado no grito de que vai derrubar a inflação. Segundo ele, só se a autoridade monetária tiver sorte de os preços das commodities caírem por causa da tragédia no Japão é que as projeções de inflação vão recuar para valer.