Título: Galp quer captar 2 bi de euros para financiar investimentos no País
Autor: Nossa, Leonêncio
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2011, Economia, p. B11

Empresa pretende abrir o capital de subsidiária no Brasil, a Petrogal, para financiar exploração[br]de campos de petróleo

A portuguesa Galp, uma das principais parceiras da Petrobrás no desenvolvimento das áreas do pré-sal, pretende abrir o capital de sua subsidiária no Brasil, a Petrogal, no segundo semestre. A meta é captar 2 bilhões para financiar os investimentos de 5 bilhões que o grupo pretende fazer nos próximos cincos anos.

Ontem, ao lançar o novo plano de negócios no Rio, o presidente da empresa, Manoel Ferreira de Oliveira, afirmou que está descartada a possibilidade de venda de ativos no País. Ele disse que o lançamento de novas ações foi a "melhor alternativa encontrada para maximizar o capital da empresa".

Segundo o executivo, ainda não há clara definições sobre como a capitalização deverá ocorrer. Um pool de bancos internacionais, a ser contratado nos próximos meses, vai auxiliar a operação. "Ainda não temos a operação detalhada, apenas o valor que pretendemos obter com a abertura de capital e o lançamento de novas ações", disse.

Segundo o plano de negócios, pelo menos 45% do total dos investimentos de 5 bilhões previstos para os próximos cinco anos, serão destinados aos campos de Lula e Cernambi, que já tiveram viabilidade comercial declarada. A Galp participa com 10% desses campos, em parceria com a Petrobrás, operadora da área, e a BG, que detém 25%.

Para o presidente da Galp, a capitalização da empresa deverá atrair principalmente fundos de investimento, mas ele não descarta a participação de outras petroleiras. Recentemente, a espanhola Repsol - também parceira da Petrobrás no pré-sal da Bacia de Santos - vendeu parte de seus ativos no Brasil para a chinesa Sinopec, em busca de recursos para financiar investimentos.

Havia comentários de que a empresa portuguesa poderia seguir a mesma linha. "Não pretendemos vender ativos. Mas não está descartada a possibilidade de uma petroleira comprar nossas ações."

O executivo afirmou que qualquer decisão sobre os novos sócios da Petrogal deverá passar pelo crivo da Petrobrás. A estatal é parceira da Galp em todas as concessões que a portuguesa possui no pré-sal brasileiro. "Nossos novos parceiros terão de ser amigáveis à Petrobrás", disse.

O executivo destacou que a Galp detém 100% da Petrogal e, mesmo abrindo mão de parte das ações no futuro, pretende continuar com o "total controle sobre seus ativos". Segundo ele, com o lançamento das ações, a Galp terá uma redução de sua relação dívida versus capital dos atuais 100% para 50%.

Controle. Oliveira evitou comentar também sobre as transações envolvendo os acionistas da Galp, entre elas a venda de ativos pertencentes à italiana Eni para a angolana Sonangol. "Nós só podemos falar aqui sobre a empresa que nos diz respeito, que é a Petrogal."

Ele disse que a capitalização foi aprovada pelo conselho de administração e que essa decisão não sofreria modificações caso o controle acionário mude de mãos. No caso da Sonangol comprar a participação da Eni, a angolana passaria a deter o controle, já que a mesma detém parte do capital da Amorim Energia, atual controladora da Galp.