Título: Não deve haver resgates no Brasil
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2011, Economia, p. B1

Entrevista: Tony Volpon, DIRETOR EXECUTIVO DO NOMURA SECURITIES

Os investimentos japoneses no Brasil não devem sofrer impactos relevantes por causa da tragédia no Japão. A avaliação foi feita por Tony Volpon, diretor executivo para a América Latina do Nomura Securities, principal banco de investimentos do Japão, que administra os maiores fundos japoneses no Brasil. Calcula-se que fundos japoneses de US$ 80 bilhões têm ativos ligados ao real.

Qual é o perfil do investimento do Japão no Brasil?

Os investidores têm perfil de varejo e com idade média acima de 60 anos. Investem em ativos ligados ao real por meio dos chamados fundos Toshin. Um dos maiores fundos Toshin administrados pelo Nomura tem títulos de rendas fixa de empresas dos EUA, conhecidos como high yield, e dá a opção para escolha entre cinco moedas às quais se pode dedicar o investimento e 90% escolheram o real quando o fundo foi lançado.

Dada a necessidade de liquidez dos investidores do Japão, esses recursos serão repatriados?

Não deve haver um grande resgate líquido, mas sim redução no volume de compras de ativos brasileiros, em especial os ligados ao câmbio. Nos últimos meses, a taxa de crescimento desses investimentos tem caído, porque os investidores buscaram diversificar moedas.

Como deve ser o processo de reconstrução?

Os recursos destinados à reconstrução virão do governo japonês e das seguradoras. Quando o país entrar no momento de recuperação, deve haver um aumento da demanda pelas matérias-primas, como minério de ferro e cobre, commodities que o Brasil exporta.

O Brasil deve esperar para lançar novas medidas cambiais?

O governo deveria esperar porque a incerteza global tem aumentado. Não sabemos como será a extensão da crise no Japão e os efeitos no mundo.