Título: Países do G-7 intervêm para conter alta do iene
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/03/2011, Economia, p. B9
Liderados pelo Japão, BCs dos países mais ricos do mundo fazem movimento coordenado no mercado de câmbio, o primeiro desde 2000
O Banco do Japão (BoJ, o BC japonês), junto com os bancos centrais das economias mais industrializadas do mundo (que formam o G-7), intervieram no câmbio ontem num esforço conjunto e coordenado para frear a valorização da moeda japonesa. Foi a primeira ação desse tipo desde 2000.
O BoJ interveio nos mercados de câmbio com 2 trilhões de ienes (US$ 25 bilhões), de acordo com estimativa da Nomura Securities. O maior banco de investimentos japonês também calculou o esforço dos outros países do G-7 para conter o avanço do iene em US$ 5 bilhões.
A valorização do iene não é um problema novo para o Japão, mas no atual contexto poderia fragilizar ainda mais a economia do país, que é amplamente baseada nas exportações e sofre com os prejuízos trazidos pelo terremoto e tsunami que atingiram a ilha na semana passada.
Participantes do mercado, no entanto, questionam se a intervenção terá um efeito duradouro. Alan Ruskin, diretor de estratégia de câmbio no Deutsche Bank, afirma que "a força de vontade dos bancos será testada diversas vezes" no longo prazo. Já Michael Woolfolk, estrategista de câmbio do BNY Mellon, afirmou que "é da natureza humana testar limites, mas acho que este será respeitado, já que definitivamente houve uma resposta".
Analistas do Nomura disseram que, do ponto de vista do BoJ, a cotação ideal para o dólar em relação ao iene varia entre 82,70 ienes e 83 ienes. No final da tarde ontem em Nova York, o euro subia para US$ 1,4180, de US$ 1,4020 na quinta-feira, e tinha alta para 114,34 ienes, de 110,58 ienes na véspera. O dólar avançava para 80,62 ienes, de 78,93 ienes na quinta-feira.
Fed. Segundo três bancos americanos, o Federal Reserve (Fed, o BC americano) interveio nos mercados de câmbio com US$ 50 milhões. Dados do quarto trimestre, os mais recentes do Fed de Nova York, indicam que o Fed tinha apenas o equivalente a US$ 3,9 bilhões em ienes e US$ 8 bilhões em títulos em ienes.
A Bolsa do Japão subiu 2,72%, recuperando parte das perdas da semana motivadas pelos temores relacionados ao terremoto, ao tsunami e à crise nuclear. A queda na semana foi de 10%.
O ministro das Finanças do Japão, Yoshihiko Noda, disse que o BC começou a vender ienes às 21h (horário de Brasília) e os demais bancos centrais do G- 7 intervieram conforme abriam seus mercados. Uma fonte disse à Reuters que o BC japonês deixou os ienes que vendeu no sistema, aumentando a liquidez que vem oferecendo ao mercado.
No Brasil. A semana terminou melhor para a Bovespa, após o arrefecimento dos temores globais quanto aos desdobramentos da tragédia no Japão e dos conflitos na Líbia sobre os preços do petróleo. Sustentado pela alta de 53 das 69 ações da carteira, o Ibovespa avançou 1%, para 66.879 pontos. Com isso teve leve ganho de 0,29% na semana. /AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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