Título: Redução do custo Brasil pode resolver dilema da indústria
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/03/2011, Economia, p. B1

O progressivo fortalecimento do real desde 2003 - trajetória interrompida pela crise de 2008, mas logo retomada - veio evidenciar a natureza perversa dos custos a que são submetidas as empresas brasileiras, especialmente as industriais. Falta de infraestrutura, pouco investimento em tecnologia e desenvolvimento, elevada carga tributária, falta de mão de obra qualificada: estes são apenas alguns dos gargalos da indústria.

Não bastasse isso, as empresas manufatureiras têm se defrontado com uma situação delicada: sobem os preços dos insumos e da matéria-prima, por causa da ascensão dos preços internacionais de commodities, e avançam os preços da mão de obra; ao mesmo tempo, permanecem relativamente baixos os preços dos importados, tanto no mercado internacional quanto doméstico.

A saída cada vez mais utilizada é o aumento da participação do componente importado na produção. Não é por outro motivo que, em 2010, enquanto a quantidade importada de bens intermediários e insumos para a produção cresceu 40,4%, a produção doméstica avançou apenas 11,4%. A consequência é imediata: aos poucos, começam a se reduzir os elos da cadeia produtiva no País.

A discussão sobre a ampliação da competitividade passa por uma redução do custo Brasil - que deve envolver, entre outros, uma racionalização da carga tributária, com aumento da eficiência dos gastos do governo. Isso sem mencionar um fim definitivo da cultura de indexação, possibilitada apenas por uma inflação consistentemente baixa.

ECONOMISTA-CHEFE DA ROSENBERG

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