Título: Desemprego vai a 6,4%, mas deve se manter estável
Autor: Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2011, Economia, p. B7

Dados do IBGE também mostram que renda média do trabalhador caiu 0,5% em fevereiro ante janeiro, quando tinha subido 0,5%

O desemprego subiu para 6,4% nas seis principais regiões metropolitanas do País em fevereiro, na segunda alta consecutiva após ter ficado em 6,1% em janeiro. O resultado da comparação do mercado de trabalho no mês passado em relação ao anterior reforça a interrupção da trajetória de queda do indicador iniciada em agosto de 2010 e que chegou a 5,3% em dezembro, o nível mais baixo da série.

Os dados divulgados ontem pelo IBGE também mostraram que, sob impacto da inflação, a renda média do trabalhador caiu 0,5% em fevereiro ante janeiro, quando tinha subido 0,5%.

O IBGE registrou 85 mil pessoas a mais procurando trabalho, elevando em 6% o contingente total de 1,5 milhão de trabalhadores desocupados.

Segundo o coordenador da área de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, a alta é significativa, mas foi compensada pela expansão da população ocupada, que, embora tenha sido de apenas 0,5%, superou o acréscimo de desocupados em valores absolutos: adicional de 515 mil ocupados.

"O que vemos é uma estabilidade na taxa de desocupação. Essa variação em relação a janeiro é estatisticamente desprezível. Apesar da expansão da desocupação, temos o mercado de trabalho, ainda que em passos menores, gerando postos de trabalho e neutralizando. O mercado também aponta uma elevação do emprego com carteira, num movimento muito parecido com o observado em 2010", afirmou Azeredo, ressaltando o patamar da taxa de ocupação um porcentual abaixo do verificado em fevereiro de 2010, que foi de 7,4%.

Carteira assinada. O número de trabalhadores com carteira assinada subiu 1,8% entre janeiro e fevereiro, mantendo a alta de formalização do emprego nos últimos anos, alcançando uma participação de 48,1% no mercado de trabalho. Em relação a fevereiro de 2010, a expansão é de 6,9%.

A taxa mensal de desemprego é a maior desde agosto de 2010, quando foi de 6,7%, mas Azeredo adverte que a comparação entre meses diferentes é prejudicada pelas características sazonais do mercado de trabalho.

"A desaceleração da economia não está se refletindo no mercado de trabalho ainda", afirmou.

Azeredo reconheceu que parte expressiva da alta no desemprego veio da região de São Paulo, onde a taxa subiu de 6% para 6,6% entre janeiro e fevereiro. " No Rio de Janeiro, o desemprego teve variação levemente negativa: -0,2%.

A variação mais significativa foi em Belo Horizonte, onde a taxa na comparação mensal subiu de 5,3% para 6,3%.