Título: Terminal de Guarulhos pode ser feito por PPP
Autor: Simão, Edna
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2011, Economia, p. B8

Novo presidente da Infraero diz que uma empresa será contratada para montar o projeto; obra deverá custar R$ 716 milhões e ficará pronta no fim de 2013

O novo presidente da Infraero, Gustavo do Vale, assumiu o cargo ontem dizendo que a construção do terceiro terminal de passageiros do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, poderá ser feita por Parceria Público Privada (PPP). A obra para construção do terceiro terminal é estimada em R$ 716 milhões. A previsão de conclusão é novembro de 2013.

Vale disse ao Estado que uma empresa será contratada para montar todo o projeto. Somente a partir daí ele vai defender a iniciativa dentro do governo, ou melhor, na recém-criada Secretaria Nacional de Aviação. "A empresa privada vai construir o terminal e depois poderá explorar", afirmou Vale.

Mas o novo presidente já tem o aval do Executivo para implementar a abertura de capital da Infraero. Esse projeto vem sendo falado há anos, como forma de dar um fôlego a mais para a empresa, mas não saiu do papel. "A abertura de capital é um projeto de governo, não da Infraero", destacou.

Segundo o novo presidente da empresa, o processo pode levar algo em torno de três anos. Para defender a ideia, ele citou as experiências bem-sucedidas do Banco do Brasil e Petrobrás, cuja possibilidade de privatização chegou a ser debatida em processos eleitorais.

"Mas não ouvi em nenhum momento no governo que a privatização estivesse no radar para o futuro da Infraero", ressaltou Vale, que, como diretor do Banco Central (BC), liderou o processo de privatização de várias instituições financeiras estatais.

"Dificultador". Para viabilizar a abertura de capital, no entanto, a Infraero precisa vencer um obstáculo: a dificuldade de quantificar seus ativos. Isso porque a empresa administra os aeroportos que são da União. Portanto, não pode incluir 67 aeroportos do País no cálculo do ativo.

Além disso, todos os investimentos feitos são contabilizados como despesa, impactando diretamente na lucratividade. "Mas isso não é impeditivo. É um dificultador", afirmou Vale ao Estado. O Tesouro Nacional já estuda uma saída para esse problema.

Vale afirmou ainda que é preciso destravar os investimentos nas obras no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas essa necessidade não está vinculada apenas à realização da Copa do Mundo e da Olimpíada. Segundo ele, é preciso investir em infraestrutura por causa do aumento considerável do número de brasileiros viajando de avião em consequência da melhora da renda. De 2009 para 2010, o número de passageiros saltou de 113 milhões para 155 milhões. A estimativa é chegar a 180 milhões no fim do ano.

Mesmo com as desconfianças, o presidente da Infraero acredita no cumprimento do cronograma de obras para a Copa. Entre 2011 e 2014, serão investidos R$ 5,23 bilhões para ampliar a capacidade de 13 aeroportos considerados estratégicos pelo governo federal. Outros R$ 408 milhões serão aplicados pela iniciativa privada, em decorrência do processo de concessão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, em Natal (RN).

Custos

R$ 5,23 bi deverão ser investidos em 13 aeroportos entre 2011 e 2014

R$ 716 milhões vai custar a obra em Guarulhos