Título: Um dia após voto contra Irã, Obama afaga Dilma
Autor: Nossa, Leonenci ; Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/03/2011, Nacional, p. A7

Um dia depois de Brasil defender na Organização das Nações Unidas (ONU) a investigação de casos de violação de direitos humanos no Irã, a presidente Dilma Rousseff recebeu telefonema inesperado, na tarde de ontem, do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O pedido de conversa por parte de Obama, que alterou a agenda de Dilma, foi visto por diplomatas brasileiros como um gesto de reconhecimento pelas demonstrações de mudança na postura do Planalto nos fóruns internacionais.

Em entrevista, o porta-voz da Presidência, Rodrigo Baena, relatou que, na conversa, Obama agradeceu a Dilma pela "hospitalidade maravilhosa" que ele e a família tiveram durante visita ao Brasil no último fim de semana.

Na conversa, Dilma afirmou que ficou "satisfeita" com a visita, considerada por ela um "marco" nas relações entre os dois países.

Segundo a Casa Branca, Barack Obama reiterou, no telefonema, a importância de dois novos mecanismos de diálogo bilateral, para as áreas de economia e de energia, criados durante sua visita a Brasília. Trata-se de duas áreas de especial interesse dos EUA, tanto do ponto de vista estratégico, como na geração de empregos no seu próprio mercado e na redução de sua dependência do petróleo do sempre instável Oriente Médio.

No Diálogo Estratégico sobre Energia, os EUA pretendem explorar oportunidades de negócios surgidas a partir da descoberta das jazidas de petróleo da camada pré-sal, principalmente para seus exportadores de equipamentos e serviços.

Líbia. A conversa de ontem por telefone serviu para dissipar o mal-estar provocado pela nota do Planalto e do Itamaraty para criticar os ataques militares à Líbia. O comunicado foi divulgado na segunda-feira, horas depois da despedida de presidente americano do Brasil.

Obama convidou Dilma a visitar os EUA, para retribuir a "excelente" hospitalidade. Dilma afirmou que terá o "maior prazer" em fazer a viagem. A princípio, ela estará em Nova York, em setembro, para participar da Assembleia-Geral da ONU.