Título: EBC decide suspender programas religiosos
Autor: Tosta, Wilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2011, Nacional, p. A6

Ideia é substituir atual programação, apenas católica e evangélica, por uma faixa que respeite "o critério da pluralidade"

Depois de uma discussão que consumiu dez meses e gerou muita polêmica, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), estatal que opera a TV Brasil e oito emissoras públicas de rádio, resolveu suspender a veiculação de programas religiosos a partir de setembro. A decisão foi tomada na semana passada pelo conselho curador da instituição. A ideia é substituir a atual programação, apenas católica e evangélica, por uma faixa que, "respeitando o critério da pluralidade máxima das vivências religiosas", inclua outras crenças.

A Arquidiocese do Rio, responsável por parte da programação, informou que ainda não tinha sido notificada e não se pronunciaria sobre o assunto, mas afirmou que a questão ainda não está completamente decidida.

Quatro programas serão atingidos pela decisão do órgão: na TV Brasil, os católicos A Santa Missa e Palavras de Vida, exibidos aos domingos, e o evangélico Reencontro, aos sábados; e na Rádio Nacional de Brasília, a missa católica dominical. A discussão começou em junho de 2010, a partir de reclamações de telespectadores à ouvidoria contra o virtual monopólio da programação religiosa, por apenas duas confissões, em uma empresa pública. Foram feitas audiências, consultas e reuniões para tratar do tema. O resultado foi a resolução aprovada.

"Demos seis meses. Acho que vai gerar polêmica, mas fizemos o que tínhamos de fazer", disse a presidente do conselho curador, Ima Célia Guimarães Vieira. "Ponderamos de vários lados. Apenas duas religiões usavam os meios públicos de comunicação. Estamos dando uma oportunidade para ampliar as religiões."

A presidente da EBC, Tereza Cruvinel, segundo apurou o Estado, apresentou algumas reservas às mudanças, mas disse ontem que vai cumprir a resolução, providenciando uma nova programação religiosa para substituir a atual, que sairá do ar em seis meses. "Certamente vamos encontrar um jeito", disse ela. "Antes (de tirar os programas do ar), será proposta uma alternativa. Não tenho a fórmula ainda, porque não é fácil. Não será. Vamos nos esforçar para cumprir a decisão do conselho."